quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Manifestações
Uma carta à esquerda americana
Nada causou impressão mais duradoura durante minha viagem à América do que o estado semicomatoso no qual encontrei a esquerda americana.
Sei, é claro, que o termo "esquerda" aqui não tem o mesmo sentido e ramificações que tem na França.
E não sou capaz de contar quantas vezes já me disseram que nunca houve uma "esquerda" autêntica nos Estados Unidos, no sentido europeu.
Mas no fim do dia, meu amigos progressistas, vocês podem cunhar ideias da maneira que quiserem. O fato é: Vocês têm uma direita. Essa direita, em grande parte graças ao seu batalhão neoconservador, trouxe uma transformação que é substancial e alarmante.
E o facto é que nada remotamente como isso tomou forma no outro lado -- ao contrário, através do espelho da "esquerda" americana repousa um deserto de sortes, um silêncio ensurdecedor, um vazio ideológico cósmico que, para um leitor de Whitman ou Thoreau, é completamente enigmático. Os "jovens" democratas sessentões que se apegaram às velhas fórmulas da era Kennedy, as pessoas de MoveOn.org que foram tão boas em registar eleitores, em protestar contra a guerra no Iraque e, finalmente, em ajudar a revitalizar a política mas de quem ouvi tratar, em Berkeley, como puritanos de um novo tipo, dos lapsos de um presidente libertino como quase-equivalentes ao neomccarthysmo dos seus maiores rivais políticos; os estrategistas anti-republicanos confessando que nunca pisaram em uma destas megaigrejas neo-evangélicas que são os mais avançados (e mais maquiavélicos) laboratórios do "inimigo," olhando-me com descrença quando disse que ocupei um bom tempo explorando-as; o ex-candidato Kerry, que encontrei em Washington algumas semanas após sua derrota, pálido, fantasmagórico, debilmente cochichando no meu ouvido: "Se você ouvir alguma coisa sobre aqueles 50 mil votos em Ohio, me avisa;" os partidários da senadora Hillary Clinton que, quando questionei exactamente como eles planejavam empreender a batalha de ideias, casualmente responderam que tinham que vencer primeiro a batalha do dinheiro, e que, quando persisti em perguntar para que o dinheiro serviria, que projectos ele iria abastecer, responderam como autómatos angariadores enlouquecidos: "Para levantar mais dinheiro;" e quando, talvez mais do que tudo, quando fui ao sangue vital da esquerda, os escritores e artistas, os homens e mulheres que modelam a opinião pública, os intelectuais -- encontrei uma falta de vida curiosa, um traço peculiar de timidez ou irritabilidade, quando confrontados com tantas questões fervilhantes que em princípio devem mantê-los tão firmemente mobilizados, como a Guerra do Iraque e o assim chamado "Império Americano" (a denúncia do qual é, infelizmente, tudo o que resta quando eles não tem nada mais a dizer).
Para um observador de fora é estranho, por sinal, que vários progressistas precisaram, como eles mesmos admitiram, esperar pelo Furacão Katrina antes de se indignarem com, ou mesmo de serem informados sobre, a completa escala de pobreza arruinando as cidades americanas.
Para um intelectual europeu acostumado com o campo de batalha das ideias, é simplesmente incompreensível que mais vozes não tenham se levantado no passado, em nome de não menos que a força "do Esclarecimento," para denunciar a fraude ridícula dos defensores antidarwinianos do "desenho inteligente."
E o que dizer da pena de morte? Como pode ser que ainda não haja, dentro dos partidos políticos, especialmente no Partido Democrata -- o qual todo o mundo sabe que nunca sairá do lugar sem pressão interna decisiva -- uma corrente de opinião reclamando a abolição dessa barbárie civilizada?
E Guantánamo? E Abu Ghraib? E as prisões especiais na Europa Central, aquelas áreas nas quais a força da lei não mais se aplica? Sei, é claro, que a imprensa as denunciou. Sei que vocês tem jornalistas que, em questão de dias, realizaram o que nossa imprensa francesa ainda não concluiu, quarenta anos após a Guerra da Argélia. Mas desde quando a imprensa exime os cidadãos dos seus deveres políticos? Por que não ouvimos de mais intelectuais como Susan Sontag -- ou mesmo Gore Vidal e Tony Kushner (de quem discordo na maioria dos outros assuntos) sobre tal questão vexatória e vital? E que devemos fazer do punhado de indivíduos que, após 11 de Setembro, lançaram o debate sobre as circunstâncias a tortura pode estar repentinamente justificada?
E não estou nem mesmo falando sobre Bush. Nem menciono as mentiras grosseiras de Bush sobre as armas iraquianas de destruição em massa, excepto com o fim de apresentar a evidência conclusiva. Sei, é claro, que vocês o denunciam -- mas mecanicamente, estou quase tentado a dizer ritualisticamente. E, contudo, os Estados Unidos quase impediram Nixon porque ele espionou seus inimigos e mentiu. Eles [quase] impediram Clinton por causa de uma mentira perdoável sobre conduta inapropriada. Como pode ser, então, que se leve tanto tempo para desenhar um paralelo entre essas mentiras e uma mentira sobre a qual o mínimo que se pode dizer é que suas consequências são tudo menos perdoáveis? Como pode ser que tão poucos "intelectuais públicos" possam ser encontrados, no interior dos limites desta formidável, impetuosa democracia americana, que possam lançar a ideia de impedir George Bush por mentir?
Alguns responderão que o "intelectual público" é uma especialidade europeia, que não devemos culpar os americanos pela infidelidade a uma tradição que não é a deles. O que esses desmancha-prazeres fazem com o Norman Mailer dos anos 60? Do Arthur Miller de The Crucible? Ou daquela idade do ouro da consciência dos direitos civis, quando grandes escritores enunciaram o que era certo e bom e verdadeiro?
Outros objectarão que a mobilização massiva e retumbante da sociedade civil não é um costume americano. Tudo o que você precisa para convencer-se da falsidade disso é lembrar dos anos 60 e do movimento pelos direitos civis, depois pelos direitos das minorias em geral, os quais eram a grande honra do país e fluíram, é preciso enfatizar, de todos os principais partidos políticos.
Há ainda os que ironizam sobre a doença de escrever petições, uma especialidade francesa afastada pelo pragmatismo americano. Aqui a objecção é mais séria; e eu sei da fatuidade que pode existir na mania do engajamento ininterrupto em nome de um miríade de causas -- mas vocês não se afligem, meus amigos americanos, com a doença radicalmente oposta? A ética da sobriedade não venceu muito frequentemente, entre vocês, sobre a ética da convicção? E como pode alguém não esperar por uma petição que se dirija à nossa náusea comum quando estamos ante o espectáculo de um velho diabético, cego, quase surdo, empurrado na sua cadeira de rodas à câmara de execução de San Quentin, na Califórnia?
Posso estar enganado, mas me parece que uma grande parte do país está esperando por isso. Em todo o lugar, no recôndito da América, você pode encontrar homens e mulheres que esperam por grandes vozes capazes de ecoar sua impaciência de maneira significativa. Se eu fosse um escritor americano, tentaria reflectir sobre as lições do século totalitário e sobre aquelas da democracia, no estilo de Tocqueville, tudo de uma vez, de um só fôlego, com o mesmo rigor.
Bernard-Henry Lévy
Reportagem sim, mas com maneiras
sábado, 27 de agosto de 2011
Os sorrisos do Mundo
A montanha incandescente de gente jovem de que vos falo, parece-me não querer inventar novas algazarras mas antes inventar valores novos. Podemos discordar quanto aos propósitos que movem esta juventude, mas há factos que, relativamente à mesma, são já hoje dados adquiridos e visíveis aos olhos de qualquer espectador mais circunspecto. Desde logo criados e vocacionados para uma nova cultura, chamem-lhe académica, social, humana, tolerante ou o que muito bem vos aprouver. Mas, estaremos todos de acordo, se vos disser que é uma massa humana que nos concede, se calhar pela primeira vez desde há muitos anos, um olhar amigável, uma atitude de antemão favorável.
Bem sei que brincam muito, neste ou naquele aspecto mais pavões que o desejável, às vezes mais impetuosos que o necessário, mas a verdade é que também há neles intensidade de sentimentos, maturidade de actos e isso significa seriedade e conhecimento do que é importante fazer logo de seguida. E é destes últimos sentidos que vem toda a autenticidade, toda a boa consciência, toda a evidência da verdade que os acompanha.
Correndo o risco de estar a sobrevalorizar estes espíritos novos, dirão alguns, facto com o qual não quero concorrer porque não é minha intenção menosprezar gerações anteriores, tudo o que desejo é que o julgamento e as condenações morais não continuem a ser a vingança predilecta de algumas inteligências mais velhas e limitadas. E nós conhecemos tantas.
Regressando aos novos, e da minha experiência vivida bem próxima deles, sobeja-me espaço e tempo para proclamar, no que aos mesmos diz respeito, quanta bondade há nas suas astúcias.
Necessário é que nós, os mais velhos, possamos trazer à luz do dia todos os mistérios de que somos feitos de modo a que estas gerações mais jovens sempre tenham presente que não se constrói o império com os materiais. Os materiais é que se absorvem no império.
Vivam bem e aqui deixo um aplauso pela vosso bom gosto em criarem ramos, flores e frutos. Só assim o mundo há-de ser um sorriso.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Angustia existencial
Será que, apagando o símbolo da UDP, os ricos começam mesmo a colar cartazes destes por aí fora? Os ricos de fora. Os de dentro, tenho a certeza que vão arrancá-los das paredes. Certamente que o primeiro a fazê-lo, porque será talvez o de estatura física mais alta, é o número onze na lista dos portugueses mais abastados, e que considera que “temos que nós ajudar uns aos outros”. «Todos nós, incluindo as pessoas que têm mais flexibilidade financeira, não estamos bem, ninguém está bem com a situação presente. Não se pode pôr mais impostos sobre o povo que tem tão pouca remuneração», acrescentou o empresário Joe Berardo.
Que compaixão eu tenho por este senhor. Que grandes nós terá o senhor nessa cabeça. Trate urgentemente da sua depressão não vá ela virar angustia existencial. Faça-o em nome do nosso país !
Mário Rui
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terça-feira, 23 de agosto de 2011
Um destes dias havemos de falar sobre estas amizades
Acabadas umas curtas mas saborosas férias, após mais um ano de trabalho que sempre me parece uma eternidade, lá se foram as delicadas leituras, subsequentes interpretações estampadas no papel electrónico que mentes brilhantes nos disponibilizaram, e, claro, lá se foram de novo os momentos tranquilos para essas interpretações.
Preparando-me para mais trezentos e não sei quantos dias de “luta”, fica-me sempre a sensação de que intelectualmente começo a regredir na justa medida em que me ocupo das tarefas profissionais a que alguns chamam de “ganha pão”.
Não que discorde deste modo de retratar o trabalho. Afinal ainda vou engrossando a corrente que, melhor ou pior, vai produzindo alguma coisa de útil para o país. O meu mal-estar, quanto ao dito trabalho e que de resto já se vem manifestando há algum tempo, encaixa-se, isso sim, a um outro nível que tem mais a ver com uma citação que li, seguramente através de um dos meus autores preferidos, e que diz assim; “o trabalho é bom quando dá prazer. O grande problema é quando o prazer começa a dar muito trabalho”.
Nunca confundir por favor este pensamento com o do outro que matava, estropiava, seleccionava e, ainda por cima, inscrevia no sítio de todos os horrores: “o trabalho liberta”. Nada disso, nada de mentes loucas.
Mas voltando ao que me interessa, ainda não encontrei melhor e mais simples maneira de exteriorizar o que sinto pelo que, com a idade, cansaço e pouca vontade de remar contra a maré que dia-a-dia de mim se apodera, passei a indiscutível fã da segunda parte da primeira citação. Pensem o que quiserem, mas é este mesmo o estado em que me sinto.
Vivo, apesar de tudo. Atento, mau grado o gosto de alguns, crítico e quantas vezes cáustico, pese embora tal não satisfaça espíritos mais fechados. Cada um é como cada qual e, já agora, nunca esqueçam, afianço-vos eu, que este estado pessoal de coisas não é afinal, ainda que neste particular a meu contra-gosto, muito diferente do Estado a que pertencemos.
Também quero e devo acrescentar que, acima de tudo interessam-me os destinos da minha Pátria. É aliás por isso que ainda escrevo, às vezes faço rádio, ocasionalmente faço coisas que resultam das minhas imperfeições e é bom de ver que então já me chegam os problemas que tenho para manter a minha vida em ordem e para me entender com os capitalistas, os sexualistas, os utopistas, os mitómanos, os demagogos, os internacionalistas, os comunistas, os trotskistas e até com o Sindicato dos Alfaiates.
A vida não é fácil. Nem para mim! Mas sinceramente não me sinto infeliz, medíocre, repulsivo ou mesmo vazio. E ainda bem que o destino me concedeu até hoje uma vida limpa e sem desmedidas ambições, que pude acompanhar o crescimento dos meus filhos, ouvir-lhes o palrar e as primeiras palavras. Se cheguei tão longe foi precisamente porque em todos os lugares onde estive, sozinho, com eles ou com a mãe deles, sempre me senti na minha própria casa.
É por tudo isto que eu acho que uma reputação feita era antigamente objecto de primeira necessidade. Hoje, assim não acontece. E esta é a razão pela qual vos disse há alguns dias atrás que ainda havia de ter uma conversa com algumas mentes mentirosas. Deixo-vos em cima o retrato ou o exemplo que nunca deveria sê-lo, das mentiras do nosso mundo.
Não observaram ainda a amizade criadora de Obama, a pomba branca, de Sarkozy o tal que se limita a ser ambicioso sem que o consiga, do sedutor Berlusconi, ante a serpente Kadafi, que um dia disse que bem e mal são preceitos de Deus, que ele amará mas que deve ser uma originalidade só dele. Certo, certo, é que chegado o tempo em que já não dá jeito o aperto de mão, o abraço caloroso, então vai daí e expulsem-no do país, com bombas, com metralhas, com asas voadoras, porque ele é um sabotador da tranquilidade e da ordem internacional. Liquidem-no porque ele despreza o seu próprio povo. E de facto é verdade! Só que toda esta acção tem um pequenino grande problema.
Quer seja na Líbia ou noutro sítio que lhes seja favorável - recordam-se do Iraque? - foram estes apertadores de mãos que criaram os monstros tolos em que se tornaram os delfins de outrora. Quais foram as virtudes que os mais fortes viram em terras longínquas para, em dado momento, o certo, elegerem cáfilas de malfeitores que subjugassem os da sua própria raça? Nós sabemos muito bem quais foram esses dons que as potências reinantes vislumbraram e apoiaram por décadas a fio. E também sabemos que em vez de apresentarem a verdade nua e bastante fácil de que a vossa acção «desinteressada» mais não era do que uma acção muito “interessante” e “interessada”, deu no que deu. O mais que conseguiram foi virar o feitiço contra o feiticeiro! Sim, porque embora o mundo seja isto mesmo, não tem que ser sempre isto mesmo. Uma interesseira alta espiritualidade jamais se poderá comparar com a honradez e a respeitabilidade de qualquer espécie dum homem puramente moral.
Temos de obrigar as falsas morais a curvarem-se, antes de mais nada, perante a hierarquia de quem persegue virtudes. É o que me parece.
Por isso mesmo é que, neste escrito, vos falei abertamente de mim, um pouco dos meus e um tudo-nada dos outros. E sabem porquê? Porque hoje pediram à minha mulher que lhe emprestassem o “livro de instruções” de que se serviu para educar os nossos filhos.
Ainda que me canse o meu trabalho, se me escape algum prazer em fazê-lo, não ambicione desmesuradas dimensões, ainda que os juízes mais sagazes às vezes estejam convencidos do carácter culpável das práticas dos feiticeiros do nosso tempo, não acredito que essa culpabilidade seja castigada. É também por tal facto que há pessoas a quem não devemos estender a mão em jeito de saudação. E se tivermos forçosamente de o fazer, então devemos procurar que elas tenham unhas bem aguçadas para picar fortemente as suas mãos. Queremos um mundo melhor.
Mário Rui
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Algarve
Com a minha ida ao Algarve vim a descobrir que a crise é selectiva e, curiosamente, detesta os ares do sul. Lá em baixo não há carro, casa ou iate que se deixe abater por ela, o que acaba por ser uma desilusão porque sempre me disseram que a crise é como o sol: quando vem é para todos.
Não tinha oportunidade de ir ao Algarve já fazia cerca de dez anos. Talvez por isso as coisas me tivessem parecido mais intensas, únicas e especiais. Da praia, do mar e das festas de final de tarde às noites quentes e às mulheres, tudo no Algarve tem um toque que parece muito pouco nacional.
Passar férias no Algarve faz-me sentir como se estivesse a passar férias em Miami, mas a pagar em euros. A água do mar é calma e quente – com temperaturas a rondar os 24 graus -, as pessoas fazem-me acreditar que as mulheres portuguesas são mesmo das mais bonitas do mundo, as festas de final de tarde na praia e que se estendem até à noite não deixam ninguém indiferente, a quantidade e qualidade de dj’s internacionais que por lá passa fazem os cartazes dos principais festivais de Verão parecerem para meninos e o ambiente que envolve tudo isso não se vê em mais nenhuma parte do país.
Mas o Algarve é cada vez menos nosso dada a quantidade de estrangeiros que por lá passa. Mas não deixa de ser menos entusiástico saber que temos algo de bom para lhes oferecer. E verdade seja dita, os preços que lá se praticam são um mimo para eles. Para nós, tudo no Algarve parece disforme e antagónico para um povo que, na sua grande maioria, sofre com as dificuldades económicas actuais.
Para mim, o Algarve passou a ser como um grande amor de Verão, mas daqueles que não ficam enterrados na areia e sem o qual eu não saberei viver a cada ano que passa.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Campeões assim?
Como a solução para a maior parte dos nossos problemas passa por assumi-los, também o problema que é a falta de humildade de alguns clubes portugueses de futebol deveria ser ultrapassado assumindo que o erro passa muitas vezes pela incompetência e falta de dedicação dos seus respectivos jogadores e dirigentes, mais do que a incompetência dos árbitros de que tanto se fala.
É admissível e moralmente aceitável, pois, que uma equipa que pratique bom futebol se queixe da arbitragem quando esta se revela tendenciosa. Já não o é quando uma equipa que pratica um futebol vergonhoso se desculpe com as decisões erradas do árbitro quando nada fez em campo para inverter o resultado.
Mais lamentável do que a situação que envolveu a ausência do árbitro no jogo da 2ª jornada do campeonato que opôs o Sport Clube Beira-Mar ao Sporting Clube de Portugal, é a tentativa cobarde dos que procuram bodes expiatórios para o insucesso da sua equipa.
O Sporting Clube de Portugal não pode e não consegue escapar à realidade nua e crua que lhe corre nas veias: o mau futebol que tem vindo a praticar nos últimos anos envergonha e desmoraliza os seus adeptos e ridiculariza a própria instituição.
Há muito que não via tão mau futebol como aquele a que assisti à 2ª jornada em Aveiro. Por isso, não posso achar admissível que uma equipa como a do Sporting que todos os anos se apresenta como candidata ao título se continue a desculpar com a incompetência dos árbitros, quando o único motivo para os seus sucessivos insucessos é tão só o de que as outras equipas são sempre melhores e eles medíocres no futebol que praticam.
Longe de mim pedir que pratiquem o melhor futebol ou que vençam todos os jogos que isso não me dava jeito nenhum. Peço apenas que evitem o embaraço de vos verem como uma instituição que, ao negar a visível falta de competência dos vossos jogadores e dirigentes, se torne tão baixa e mesquinha e que em nada se coaduna com a grandeza a que há muito tempo atrás habituaram os vossos adeptos.A mim dá-me imenso jeito que continuem a jogar assim. Mas é preferível que assumam a vossa falta de qualidade em vez de nos sujeitarem a todos nós com desculpas de mau perdedor.sábado, 20 de agosto de 2011
Ilusões
Interrogações e às vezes certezas
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Os muros e as mentes
Quase me esquecia de vos dizer que no dia 13 de Agosto de 2011, o muro de Berlim, derrubado em Novembro de 1989, faria 50 anos. É bom que não esqueçamos estas datas. No entanto, é provável que em exame mais rigoroso alguns se sintam divididos pelo espírito de análise crítica e histórica da nossa cultura relativamente a tal monstruosidade. O que foi por demasiado tempo grande privilégio de alguns, não foi com toda certeza nada de comum com o nobre carácter de muitos, muitos mais.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Onde nascem as reformas?
Mas agora quero acrescentar a esta lista mais alguns episódios que fazem capa nos jornais ditos de referência que estampam outras realidades, afinal não muito diferentes das primeiras, ainda que mais pacíficas em termos de actuação.
Se bem que os contestatários de Bento XVI tenham levado porrada pelo facto de estarem contra os gastos da visita do Papa a Espanha, ainda assim, o que podemos ler na imprensa dos últimos dias tem mais a ver com; Estado gasta por ano 57 milhões de euros em rendas, crise fez aumentar em 23% o fecho de empresas nos 3 primeiros meses do ano, propostas de Sarkozy e Frau Merkel para o reforço da (des)governação europeia não convenceram os mercados, Messi derrota José Mourinho e Ronaldo – e aqui deixem-me salientar o que um tio meu, quando o tema da conversa versava futebol – sempre dizia e com gozada razão: “ … pois, pois, continuem a falar de futebol já que sempre que se marca um golo, o mundo pula e avança…” – subida de preços dos manuais escolares, câmaras cortam 633 postos de trabalho, mas despesa aumenta, o que é um serviço público de TV, e a isto junto que em 2002 um "grupo de trabalho" entregou as conclusões ao governo de Durão Barroso. Não foram aproveitadas e desde então a RTP torrou 2 mil milhões de euros públicos.
Logo, privatizar ou não é-me indiferente. E só não o será para aqueles que "mamam" habitualmente no úbere do Estado cada vez mais depauperado, incluindo os respectivos trabalhadores cuja produtividade em alguns casos deve ser lendária.
É certo que outros destaques também contidos nesses jornais, nos vão transmitindo, ainda que com pouca convicção, alguma esperança de uma vida melhor, aspectos da actividade quotidiana do País e do Mundo.
Numa rápida vista de olhos pelos principais títulos parece-me de todo importante relevar da recente descoberta de 17 novos anticorpos contra o VHI e que podem vir a ajudar a desenvolver uma vacina conta a sida. Evidentemente que todos nós nos regozijamos com esta descoberta.
Aqui sim, haverá com toda a certeza um bom motivo para que nos alegremos, nem que seja por escassos instantes. Chama-se a isto e a tais factos similares, «civilização» ou «humanização». Ou, então, se preferirem, chame-se-lhe simplesmente sem louvor nem censura, e se quiserem também com uma forma mais ou menos política, o verdadeiro movimento democrático do mundo e da Europa em particular.
Ainda a propósito dos destaques que nos vão dando alguma necessidade de crença, li que, um tal de Warren Buffett, lá da terra tio Sam, pediu ao congresso norte-americano, para deixar de mimar os super-ricos. Esse apelo de “por favor cobrem-me mais impostos que eu já me estou a sentir mal” surgiu depois de conversar com os seus amigos mega-milionários a quem os impostos só têm feito cócegas. Como? Percebi bem? Voltei a ler o artigo, e é assim mesmo, ipsis verbis.
Pena é que, como diria o pensador, «o que nós fazemos de bom, raramente, ou mesmo nunca, é compreendido, mas somente louvado ou condenado». Ao que julgo saber, assim aconteceu e 12 membros do super comité do congresso norte-americano que tem como missão reduzir o défice, recusaram sequer trocar umas ideias sobre o assunto. Lamentamo-nos de uma Europa que perdeu o Norte e consequentemente se perdeu no caminho. Pobre América que também já não se poupa à vergonha de tal consolação.
Pobre Mundo este que não percebe que cada um dá o que pode e quer, e ainda assim é vilipendiado na praça pública. No nosso pequenino País, com fortunas pessoais colossais, nunca assisti a tal oferenda, ou melhor a tanta humildade que só poderia vir de alguém com muitos sonhos, de alguém que sempre tenha estado em permanente vigília quanto à má sorte dos outros.
Acabo já. Só gostaria de rematar os meus pensamentos acrescentando que, da Europa já esperamos tudo. Mas se calhar o mal vem mesmo da América. Acabou-se o bom tempo de outrora, e foram alguns narcóticos desse paraíso passado que nos intoxicaram e nos traçaram o destino que há-de vir.
Mário Rui
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domingo, 14 de agosto de 2011
A bela época dos espíritos livres
sábado, 13 de agosto de 2011
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
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Dos pobres e dos outros
Se realmente isto é escrito por alguém que, na minha opinião, em muito se assemelha a uma certa esquerda bem instalada na vida, então até eu gostaria de, pela primeira vez, me filiar num desses partidos. Não sei se seria possível fazê-lo ao sábado mas, mesmo assim, talvez estivesse na disposição de hoje mesmo me munir de cadeira e guarda sol e por lá ficar até que as portas para a minha inscrição se abrissem. Provavelmente só na próxima segunda-feira.
E porque é que a senhora escreve o artigo? Porque se lembrou disso quando ouviu esta semana falar em algumas medidas do Plano de Emergência Social, governamental, para acudir à pobreza.
E porque é que a senhora se indignou tanto com este plano? Porque lhe lembra o "conceito de organização social que lhe está subjacente, uma organização da sociedade que aceita como normais as desigualdades sociais, para quem a existência de classes ou grupos sociais com direitos diferentes é da "ordem natural" do mundo ( conceito que de natural nada tem, e que procura ignorar que as sociedades humanas são construções obtidas da capacidade de racionalização e de abstracção do intelecto humano" ( sic).
Está aqui resumida a essência da ideologia de esquerda: a igualdade como conceito normativo e a forma de a combater, racionalizando e abstraindo...
O que é curioso e ao mesmo tempo revoltante, é que a tal normalidade da desigualdade e essa aceitação de que há pessoas diferentes, que não podem ser iguais a nós, é-nos dada justamente por esta senhora que, segundo o escrito no seu artigo, tem ou tinha um irmão, lá na casa enorme onde viviam cheia de gente, numa família grande, que uma bela noite, já passava do jantar entrou pela porta dentro com três miúdos pela mão, descalços, sujos e ranhosos. Desde logo, minha senhora, antes de dizermos o nome dos outros é bom que nos demoremos um momento a lembrar a impressão que sentimos na presença da incomensurável tragédia humana.
Não seriam certamente descalços, sujos e ranhosos mas talvez antes a verdadeira significação de tão brusco despertar da tal tragédia humana de que falei há pouco. É diferente, não é?
Bem, sinceramente já nem me apetece acrescentar muito mais às minhas ortodoxas reflexões sobre o artigo do jornal e especialmente sobre a postura de quem assim escreve. Do PES, o tal plano de que a senhora muito desconfia, também não tenho vontade de o dissecar até porque ainda o não conheço.
Há gente pobre, muito pobre? Há, sim senhora! Há gente a quem a natureza humana nos obriga a ajudar? Há! E todos juntos havemos de o fazer, ainda que a história dos nossos dias acabe por ser um sem-número de pequenas cobardias, um sem-número de pequenas preguiças. Agora, o que a história dos sobreviventes das actuais calamidades não há-de ser é fingimento.
Por último e a quem interesse, deixei de gostar dos artigos escritos por esta senhora.Entendo que o que escreveu hoje, fere a sensibilidade dos que têm algum orgulho e estima própria, ainda que sejam pobres, descalços, sujos e ranhosos. Mas saiba a senhora que, mesmo assim, é mais difícil ferir a vaidade dos pobres quando foi ferido o seu orgulho.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Caos na NBA
Pillage People (YMCA)
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
O que deve a Europa ao Mundo?
Mas afinal, o que deve a velha Europa ao Mundo? Muitas coisas, boas e más, e sobretudo uma, que é ao mesmo tempo das melhores e das piores: o grande estilo na moral, a terrível majestade de infindas reivindicações, de infindos significados, todo o romantismo e todo o carácter sublime das problemáticas morais - e, por conseguinte, justamente a parte mais atraente, mais capciosa e mais seleccionada daqueles jogos de cor e de seduções para viver, em cuja cintilância arde hoje ainda o céu da nossa cultura europeia, o seu céu crepuscular - e, talvez por tudo isto, um dia se apague.
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quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Vilar de Mouros. O Woodstock à portuguesa faz 40 anos
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terça-feira, 9 de agosto de 2011
A saga da democracia
E a saga continua. Os acampados em Espanha, as batalhas na Grécia, as manifestações em Israel, os incêndios em Londres, as pilhagens em Birmingham, Liverpool, Nottingham e Bristol. Polícias e ladrões. Os bons contra os maus. A lei contra a anarquia.
Não me perguntem qual a razão para tanto protesto e especialmente para tanta violência. Há anos que ouço falar em segregação, xenofobia, marginalização, exclusão social, como cerne de todos estes movimentos, às vezes espontâneos, muitas outras vezes organizados até ao mais ínfimo pormenor.
Começa-se a adivinhar o que vale alguém quando o seu talento começa a enfraquecer, quando deixa de mostrar do que é capaz. E alguns cidadãos e mesmo dirigentes políticos ingleses já deram provas dessa fraqueza.
Mário Rui
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Indústrias criativas
Olhe que governantes a pensar de modo tão teatral já os tivemos em quantidade suficiente para dizermos chega! Pois não sabe V. Exa do que necessita o País? Necessita de homens que ordenem grandes coisas: educação, instrução, conhecimento, saúde, trabalho, igualdade de oportunidades, e verá que conseguiremos ser País.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Verão
O Verão e o Natal são as épocas do ano que eu mais gosto. A única diferença está no facto de eu contar desesperadamente os dias até ao próximo Verão, o que já não acontece com a época natalícia porque sinto sempre remorsos por não oferecer prendas a ninguém.
Com o Verão nada disso acontece porque nele não há espaço para remorsos ou arrependimentos, tristezas ou mágoas.
O Verão é a altura ideal para os sonos tardios e para as horas trocadas, para os festivais e para as tainadas, para ver os dias ficarem mais compridos - e por isso para evitar a depressão de ver a noite chegar às seis da tarde - e para ver o sol cair na linha do horizonte e esperar que nasça outra vez.
O Verão é também a melhor época do ano para emagrecer e por isso para dar nas vistas, para aproveitar as ofertas de emprego que outros recusam, para comer bem, para sair e conhecer novas pessoas e locais, para acabar o livro que começámos a ler ainda no Inverno e para o inevitável “lava-me porco” no vidro do carro que a água da chuva não limpa.
Com o Verão vêm também os amores – os que ficam enterrados na areia para serem desenterrados no ano seguinte e os que duram um pouco mais - e as desilusões a eles associados, os amigos com quem tomamos um copo e que esquecemos até os vermos no Verão seguinte, as amigas das amigas, as noites sem casaco que fica a ganhar pó no armário até à época fria, e os turistas e a família do estrangeiro que nos obrigam a aperfeiçoar uma língua que não é a nossa.
Inevitavelmente, o Verão é a época do ano que nos anima a alma - e as caipirinhas o corpo -, que arruma com as preocupações que preferimos esquecer para só voltar a pegar no mês seguinte, que dá aquele empurrãozinho às fantasias e às aventuras de uma só noite – e às vezes de mais – e que nos faz ocupar a memória do computador com os álbuns das vivências que recordaremos para sempre daquele quente e longo Verão.
Não sei se já vos disse que o Verão é uma época muito especial e os sonhos que se constroem das noites que rapidamente se tornam dias também. Por isso, posso dizer-vos garantidamente que o Verão é a minha praia e a minha praia é aquela que eu estou a ver precisamente ali ao fundo
Coerentes pensamentos
Assim: por protocolo (!) que define a utilização de espaços, pessoas, instalações, equipamentos, e até a própria aquisição de livros. Além disso, toda a actividade académica da associação privada, deve ser aprovada previamente pela FDUC que também pode impedir actividades da associação, na escola. É também aí que se definem as contrapartidas da associação para com a escola pública. E que virão no protocolo.
Até quando o Prof. Vital Moreira abusará da minha paciência?