Já
não falta muito para que a bola comece a rolar no tapete verde onde se jogam
todos os compromissos de pôr em marcha essas generosas aspirações de vencer. Lá
vêm também os seguros juízos e as vistas claras e escuras dos acontecimentos
chutados para a baliza, para fora ou para o ar, tudo assunto que dará mais uma
vez unificação aos espíritos que se batem genericamente pelo movimento nacional
futebolístico e aos demais, muitos, que se unem em particular pela liga
patriótica do norte, do sul, insular, mas menos do centro posto que este último
pesa pouco na mecânica das assembleias ‘futeboleiras’ do país. Espremendo ainda
mais o fenómeno, convém não deixar de parte os que procuram não desnaturar a
sua essência e então aí já estamos a falar das costumeiras correntes de
espírito e cor única, umas vezes quadro singelo de qualidades, outras tantas ou
talvez até em maior número, pantalha de defeitos. É em suma este o menu que nos
vai ser servido doravante, uma mescla de paixões próprias, uma turbulência de
temperamentos, uns fogachos de intelectualidade analítica que desce confiante à
relva, petulâncias à sobremesa, uns quantos abatimentos pessoais e também muito
boa fé ao lanche. Assim daremos por findo o Verão e no Outono jogaremos mais
forte para que depois, no Inverno, cheios da boa vontade vinda do frio,
possamos entrar no grande mundo do pensamento e da poesia que há-de castigar ou
elogiar o mau e o bom resultado das nossas hostes. Quando a atmosfera voltar a
aquecer, será tempo de conhecer quem teve hora de vã popularidade e quem de
facto a conseguiu proclamar. Vencidos e vencedores, mais os que jogam e os que assistiram
a esse batalhar, inconformados uns, crédulos os que sobram, fecharão mais um
campeonato de disputas tão aturadas quanto indispensáveis para levar a cabo tão
grande empresa; um bom prato de futebol. O resto virá a ser tranquilo intervalo
até que a ementa se repita lá para o ano que se segue.
Mário
Rui
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