Autárquicas
2017: abstenção (nacional) desce 2,37 pontos percentuais relativamente a 2013
É
um espanto este país no que às almas, que se julgam descendentes de algumas
dessas divindades soberbas do ramo da estatística e probabilidade, diz
respeito. Com um saber de experiências não feitas e usando apenas o traiçoeiro
exercício de álgebra social, quando se metem a calcular emperra-se-lhes a
caneta ao fim de poucas contas. É a altura em que querendo obter um dado
resultado, escorrega-lhes a dita borrando o papel, e sucede então que, pensando
terem chegado a uma brilhante conclusão, lhes saia inevitavelmente um vago
lampejo de números irracionais. Daí que lhes queira endereçar um respeitoso
cumprimento, em que há muito de admiração, felicitando-os pela justa e merecida
distinção que acaba de lhes ser feita. Não choveu, o sol até estava quente, a
praia convidava, não houve nenhum campeonato de sueca, lá se jogou um ou outro
joguito de futebol – esse indigitado gatuno de votos – e não é que a ABSTENÇÃO
desceu em 2017. É milagre, certamente, e quando mete números, não se discutem
os milagres - ou se negam ou se aceitam. Pronto, já disse. Agora só vos deixo
mais uma recomendação. A continuarem as coisas assim, aos tais algebristas
sociais bastará então um pouco de audácia para virarem a agulha da causa da
moda dominante da abstenção, que tanto têm apregoado, para a fazerem descer
ainda mais numas próximas eleições. Eu bem gostava. Virar é coisa que vos é
familiar – não vai custar nada - ademais até quero crer que no próximo acto
eleitoral vos virá à ideia organizar um campeonato de futebol, muito grande, e
de praia. Não? Eu sei lá. Ideias, vocês têm, pena é que as produzam quase
sempre pelos interstícios de uma ratoeira. Tontinhos!
Mário Rui
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