Partido LIVRE é o nome do novo partido para “uma
nova esquerda” que foi apresentado hoje em Lisboa e deverá ter por símbolo uma
papoila. Tudo é novo, até o nome; ‘LIVRE’! Parece-me, ignorante feito eu, que
afinal todos os outros tinham défice de liberdade. Mas agora começo a perceber
melhor, derradeiramente vai nascer um novo dia. Vem aí a nossa era, a do “povo
da aurora perpétua”. O que havíamos clamado por não mais permanecermos numa
alvorada detida, congelada, que não avançava para nenhum meio-dia. Faltava no
espectro político nacional mais um. Um que viesse dar um novo folego, um novo
impulso, novas ideias ‘liberais’ somadas a direitos garantidos ao cidadão, uma
renovada esperança à esquerda, mais ecológica e, pelos vistos, com mais
Europa. Tudo matéria que nos faz tanta
falta quanto a bicicleta faz ao peixe. Apesar de tudo, seria estúpido rir dos
românticos. Também o romântico tem razão e sob estas inocentemente perversas imagens
palpita um enorme e sempiterno problema; é que «só quer a vida cheia quem teve a vida parada,
só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação,
só há liberdade a sério quando houver liberdade de mudar e decidir«. Ah, como só
agora descubro a minha latente sedução pelo trovador de Abril. Grande Sérgio,
posso não ter estado do teu lado na maior parte das vezes mas hoje percebo da
necessidade de conter a selva invasora. Por agora parece que no “meio da
esquerda” e quiçá para quando na “franja da direita”? Já não é altura de ouvir,
mas, ao contrário, de julgar, de sentenciar, de decidir. Deixar de fazer ruído é
que não, prefiro inteiro a mais partido!
Mário Rui