Se
não chover muito, se o tempo não for de continuada prosápia, se as nuvens não
taparem o nosso estonteante espelho de água, se a redacção das primeiras
certidões de óbito não voltarem a fazer-se sentir, se toda a sorte de bazófias
intrigantes se afastarem do nosso amor à Ria, se a obra não for rebelde às boas
leis, se limpar não for de novo uma confecção de petisqueira, se pudermos
limpar as lágrimas que o pagamento de outras intervenções já nos fizeram
derramar, então depois bem posso elogiar as boas intenções dos homens que à
minha Ria venham a prestar um tributo querido, bem como aos meus sentidos, de
fazer figura na sociedade! Relendo o que escrito fica, não me creiam apenas com
intuitos irónicos e muito menos de gracejo. Tinha de dizer isto pois uma irritabilidade
não pode durar eternamente e porque agora só espero pelo consolo supremo de
ainda poder ser senhor de uma Ria que nunca mais agrida a minha infância
remota! Vou acreditar que desta resultará uma vida mais feliz para as futuras
gerações, a quem competirá, Ria linda e limpa, guiar a herança por séculos
adentro!
Mário
Rui
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