A
pele do tempo infelizmente mudou e pela mão dos que nunca se sentiram na
obrigação de resolver as dificuldades que criaram. Quem foram eles? Os
curandeiros políticos que prometeram arranjar cura para todos os males sociais
e mais não fizeram senão tornar a solidão de algumas pessoas numa companhia
inevitável. Mas desenganem-se os que acham que esses impostores estiveram desemparelhados.
Não, em matéria de sociedade civil estratificada, segundo o estatuto
profissional de cada um dos portugueses, também houve, e persiste, uma comunicação
social que ampara a ideia de que uns estão nos antípodas de outros. O pensar e
escrever assim num jornal, por muito que se refute a ideia, é também uma das
causas que altera a boa norma de convivência entre todos os cidadãos. Não
importa se é doutor, pedreiro ou marceneiro. Afinal todos convergem para o
mesmo objectivo; manter a estabilidade de um país. Estúpido é titular que um
médico, um piloto e um engenheiro estão entre os 852 sem-abrigo de Lisboa. Mas
na vida e especialmente na desgraça, é disso que falo, serão estas pessoas
diferentes das outras na perspectiva do JN (VER
AQUI)? Dando o jornal cobertura, é assim que a interpreto, ao já gasto modo
de ser conforme a caducos modelos atribuídos aos estatutos e papéis sociais de
cada um, só dá nota quanto à sua incapacidade para perceber que, se cai o sopé,
infelizmente mais tarde ou mais cedo cairá o cume. Maus curandeiros e má
comunicação social não entram no domínio das boas políticas de vida. Talvez aí
radique também muita da noite e do dia sofrido dos que são licenciados e dos que
estão sem licença para uma vida que, ao invés de melhorar, afinal se torna num
jogo onde a reconciliação humana, com títulos ‘jornalísticos’ que apartam, será
coisa difícil de alcançar.
Mário
Rui
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