Agosto
de 1969 - 53 anos de Woodstock e o fascínio mantém-se.
Há-de
vir um tempo em que a nossa fé na música fará inveja.
Mas
Woodstock foi o género de concertos que precederam as revoluções e as organizaram
depois.
A
multidão que por lá deambulava, ao ritmo descuidado de um vaguear estival pelos
sítios, às vezes intransitáveis, do recinto e arredores, parecia não
acomodar-se com serenidade e até com um certo cinismo, à degradação incessante
e irreversível do mundo que a rodeava.
Mesmo
os trapos coloridos que lhes cobriam os corpos, fizeram de 400.000 mil almas
verdadeiras bandeiras de vitória, ainda que haja gente, da altura e de hoje,
que nunca percebeu o efeito do “choque” de semelhante proeza.
Quem
já viu concerto semelhante? Um dia saberemos, ou se calhar nunca!
Porquê?
Tão só porque hoje não pressentimos em zonas musicais a promessa de uma
deliciosa alegria por entre o confuso rumor ambiente.
Uma
prodigiosa despreocupação parecia presidir aos destinos desta multidão; todos
os desânimos se revestiam de um carácter de pureza e esperança.
Quatrocentos
mil em paz e amor porque estar vivo era quanto lhes bastava para serem felizes
e assim operarem a mudança desejada.
E
conseguiram fazê-la!
Mário Rui
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