As flores são ‘peças’ importantes no desempenho de qualquer actividade, mesmo não se tratando de actividade de cariz profissional. Igualmente relevantes são as regalias, leia-se mordomias, quando atribuídas a gente que faz pela vida. Sobretudo pela sua própria vida. Das subvenções vitalícias nem vale a pena falar. Qualquer mortal acéfalo perceberá o quão gratificante é ter um futuro garantido e sem sobressaltos. E se as mesmas dobrarem de valor aos 60 anos de idade, então teremos ouro sobre azul. Teremos, não! Terão alguns. Golfe subsidiado também é ocupação a que se deve dedicar algum tempo de modo a afastar pensamentos negativos e especialmente esgotamentos nervosos. Junte-se a este caldo muito despesismo inútil, até parece que gasto excessivo ou infrutuoso de dinheiro, sobretudo por parte do Estado, é útil, e então estará uma certa casta de seres em presença do paraíso terreal. Uma casta que, infelizmente, nestas condições aburguesadas e desrespeitosas, nos habita. Ah, mas junte-se ao conjunto de teres antes referidos a ‘paparoca’ para a barriguinha. Quase me esquecia que sem conduto ninguém sobrevive. E, então, quanto ao manjar daqueles que insistem em comer coisas sacrificadas aos mais desprotegidos, nós todos, o que dizer? Pouco, muito pouco, despiciendo. Um olimpo intocável, vergonhoso, luxo descarado e difícil de compreender. Tão “sem” importância que eu mesmo vos adianto o menu (vinha no periódico de ontem):
"Perdiz, porco preto alimentado a bolota e lebre são alguns dos produtos exigidos pelo Caderno de Encargos do concurso público para fornecer refeições e explorar as cafetarias da Assembleia da República. Das exigências para a confecção das ementas de deputados e funcionários constam ainda pratos com bacalhau do Atlântico, pombo torcaz e rola... O café a fornecer deverá ser de "1ª qualidade" ( isto é transcrição de uma escuta telefónica?) e os candidatos ao concurso têm ainda de oferecer quatro opções de whisky de 20 anos e oito de licores. No vinho, são exigidas 12 variedades de Verde e 15 de tintos alentejanos e do Douro."
Pobre gente esta. Que trata da coisa pública, dizem. Gente que não sabe, porque não quer saber, que "quando o pobre come frango, um dos dois está doente"!
Mário Rui