Hoje
é o dia instituído para guardar memória e preito às 116 pessoas que morreram
nos incêndios florestais de 2017. Dia escuro como escuro foi o fogo de Pedrógão
Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Sertã e Pampilhosa da
Serra. Foi sobretudo o tenebroso de vidas inteiras de trabalho que num grande
ar de calor se desmoronaram. Das ceifadas pelo fogo que lhes roubou venturas
sonhadas, ficaremos sempre com a sensação de ter sido vivido um mundo irreal. E
não quero com isto afirmar que foi inevitabilidade. Não, não foi. Como vivo
também um pouco por esse mundo irreal do “estamos a caminho da solução”,
reservo-me o direito de apontar o dedo à
inutilidade da prevenção e, pior, à improfícua carta de outorga que alcunha de
competentes os que do ofício nada percebem. Políticos, governação,
meios, comando, comunicação, tudo o que, na hora certa, não funcionou. E
afirmo-o convictamente só para vincar que se tudo isto fosse uma razão
para não falar, muita gente falsa continuaria a estar a coberto de
desconfianças fundadas. Nesta data em que passam precisamente dois anos da
morte de 47 pessoas encurraladas na EN 236-1, que ficaria conhecida como
estrada da morte, um dos mais negros dias da história recente do país, é hora
de lembrar o que aconteceu. E de tentar perceber se estamos hoje melhor
preparados do que estávamos a 17 de Junho de 2017. E por aqui me fico, não vá um qualquer leitor dizer que eu, em sonhos,
ouso proferir com êxtase o falhanço de muitos. Em especial dos que reafirmam
que tudo ardeu e muito se morreu, porque sim! E ainda por cá andam alguns desses,
envoltos nos seus nos títulos rotos de decisores. Infelizmente.
Mário Rui
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