“Aos 50 anos, a actividade
sexual não tem a importância que assume em idades mais jovens."
A
afirmação consta de um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo e serviu de
justificação para reduzir a indemnização atribuída a uma mulher, que devido a
um erro médico nunca mais conseguiu manter relações sexuais.
Há pessoas que não deviam tomar ou julgar a
sério as coisas que não dependem delas próprias. Como o amor, o sexo, a amizade,
a glória e por aí adiante. Sobretudo porque nesta matéria ninguém tem o direito
de se considerar o outro e se há prazeres de vida que são rapidamente digeridos
isso não significa que, depois, o apetite não volte. E mesmo que venham as
artrites, isso quer dizer que já não há vida interior? Ora, ora, só faltava então
o aparecimento dos entendedores de apetites e desejos amorosos ou sexuais para
darem novo rumo às paixões privadas. E ainda que aos 50 anos o amor e a
actividade sexual levem mais tempo a
cescer do que a diminuir, a julgar por este acórdão, será a isso que se devem então
submeter os cinquentões, ou seja, reduzidos a um capítulo de memórias? Então
depois da aposentadoria a dita actividade, e outras, não servirão também aos mais
maduros de informação sobre o que cada
um deveria ter feito e não fez? Não me venham com intuições súbitas e
deixem-se de rotulagens enganosas. Meio século de vida não é pétrea imobilidade,
também pode ser vigor feito de argamassa antiga.
Mário Rui
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