E
entre o que hoje se diz e o que antes se fez, ou melhor, não se fez, medeia um
abismo que nem mesmo as flores da retórica conseguem disfarçar. Por isso, esta
(suposta) medida até podia ser muito sensata à luz do momento que se vive, se
não tivesse sido muito idiota no passado. E, peço desculpa, mas estou-me
perfeitamente a borrifar para quem discorde do meu ponto de vista. Nunca gostei
de mentirosos, tão-pouco de mentiras, venham elas de onde vierem. E se me quer este
governo asiático convencer de que agora é que vai endireitar o seu país, ou o
mundo, visto que ele já começou a ficar muito mais torto do que estava, então
que mude de atitude quanto ao discurso, e sobretudo quanto à prática. O que
agora dizem, que os cães, e outros, devem ser tratados como animais de
companhia e não como comida, é, com efeito, uma bagatela finória cuja única
consequência imediata é a de aumentar o número de tolos que acreditam nestes
ardis retóricos tão hipnóticos quanto enjoativos. Quando me provarem o
contrário, cá estarei para cunhar, e até louvar, a vossa repentina comiseração.
Enquanto isso não acontecer, fico-me por esta reflexão de pregador.
Mário Rui
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