Ao contrário da ideia com que se fica pela leitura da imprensa, não existe qualquer razão para recear que o vírus Ébola se possa transformar numa pandemia à escala mundial (LER AQUI).
Manuel Pinto Coelho
Se
eventualmente fosse um tolinho a dizer o que este médico, doutorado em Ciências
da Educação, disse, eu até perceberia a patetice do discurso. Agora leitura
assim feita e vinda ainda por cima de alguém com responsabilidades na área da saúde,
parece-me coisa algo insólita. Pois, já todos percebemos que “semear o pânico pode ser um
negócio muito lucrativo que importa desmontar”, mas também convinha lembrar a
este médico que para essa luta já não vamos poder contar com as vítimas do
Èbola. É pena! A menos que, munido de fato especial para o efeito, ainda que
isto também lhe possa parecer uma palhaçada, pelo vistos para ele contrair
Ébola é quase igual a uma unha encravada, se disponha a partir rapidamente para
as zonas de maior risco e aí, isso sim, colabore no combate ao vírus que tem
ceifado tantas vidas. Uma só bastaria para refrear este ímpeto de linguagem,
mas enfim. Estou farto de activismo de sofá e mesmo que se trate de bom
activismo, o sofá tem o mau hábito de conferir a algumas pessoas a eclosão de
estados irritativos inócuos que em nada ajudam à desesperada luta de quem não quer
fazer parte do enterro. O resto é prosápia e mesmo que algum mundo farmacêutico
queira enriquecer rapidamente à custa da ignorância dos mais incautos, tal não justifica
que a missão dos que salvam vidas, “quais marcianos envergando complexas
máscaras junto de doentes suspeitos, imagens totalmente insensatas e dignas de
um mau filme de ficção científica”, como diz o doutorado, se resuma a esta tagarela
apreciação. Ora, como acrescenta o mesmo, se “a solução contra a epidemia
consiste essencialmente em respeitar medidas simples usando o bom senso”, então
muito gostaria que alguém sabedor me explicasse se evitar o Ébola se confina tão
só à frescura de roupa lavada, boa nutrição e vitaminas, ou se,
pelo contrário, é uma doença de pobres e por isso é que ainda não chegou a
cura. Mesmo com políticas desumanas e interesseiras à mistura, vale sempre a pena
o elogio ao esforço dos que estão no terreno travando luta contra a doença, e
outros, mas também vale a pena acrescentar que se a facilidade fosse assim tão
grande, então já um qualquer inventor tinha começado a vender preservativos
contra os vírus. Barato e fácil, mas pelos vistos também não protege. Por isso
é que, por ora, vale mais o precioso contributo dos que estão lá, no terreno,
do que a paixão do bibelô escrito num qualquer jornal. Até mesmo o meu, aqui
escrito, devo confessá-lo, embora jamais esquecendo aqueles que não têm
interesses a defender, mas tudo a conquistar, ou seja a defesa da vida dos
outros. Desses é que eu gosto mesmo.
Mário
Rui
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