(12 de Maio de 2017) Acho
imensa graça a alguns políticos da nossa praça que, repentinamente convertidos,
mas como se ainda dentro de um tumulto antigo contra os verdadeiros fiéis, lhes
assista agora uma nova aurora católica, apostólica. Mentirosos, é o que são!
O
povo ia rezar a Fátima e havia por aí quem tremesse de pavor porque o povo não
devia ir rezar a Fátima. O povo ia rezar a Fátima e eles achavam que o povo não
se devia condensar por toda a banda de Fátima numa grande pacificação de
oração. E fulgiam das mãos dos crentes cardumes prateados de estrelas e eles
achavam que o povo não devia acender chama em Fátima. Eles achavam que era luz
mortiça que nem era bem a da madrugada, nem bem a da noite. O povo ficava num
dócil estar de fé e eles achavam que isso era uma imobilidade misteriosa e
sinistra. Depois, o povo ajoelhava em prece à medida que trilhava a ladeira do
culto, e eles achavam que isso era um perder de passos e paciências. O povo
acenava com lenços brancos de um lado e de outro e eles achavam que o povo se
fechava assim bruscamente em horizontes limitados. Eles achavam tudo e mais
alguma coisa. E, tentando impor opinião e fronteira severa de construção que
apenas deixasse aos crentes grade de arame por onde pudessem espreitar o seu
crer, qual rebanho cercado por urtigas bravas, eles achavam por dever dizer ao
povo que o povo era uma ingenuidade infantil. E, fitando fixamente os olhos
negros daqueles a quem a insensata apreciação nunca deixou aos outros a
esperança de acreditar mansamente, o povo, vencido pela fadiga, deixou-se
adormecer. E o povo fê-lo justamente quando as certezas discursivas dessas
opiniões ‘progressistas’ iam no seu pior episódio, altura em que a conversa já
era uma perda de tempo e portanto descansar em paz na companhia de uma
fidelidade feita profecia não era uma perda de tempo. E este foi o comento
breve de um orar em Fátima, para uns analisado com cólera, com intolerantes
preconceitos, mas ora quase convertidos. O coração deu-lhes agora um salto de
fé, como se a um mentiroso dentro de uma jaula ateísta lhe enterrassem nas
carnes uma choupa em brasa. Sê muito bem-vindo, Francisco Papa, mas não
acredites nestes “crentes” pois são como os homens do teatro; mesmo quando
estão fora do palco, representam! Só!
Mário Rui
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