Não
gosto do desempenho politico do actual Presidente da República Portuguesa,
Cavaco Silva. É um direito que me assiste, e quanto ao assunto estamos
conversados. É a minha opinião e vale tanto como qualquer outra vinda dos
restantes a quem eu devo respeito que não eventualmente concordância! Há no
entanto algo mais de que igualmente não gosto. É disto; nunca faço festa com os
despojos dos que se desprendem ou caem na luta desesperada pela vida pois que
ela é coisa tão curta e às vezes tão ínfima – infelizmente há mesmo alguns que pouco
a saboreiam – que, entre o lado político e o lado humano, é ilegítimo que nos
riamos dos que desta maneira tombam porque da condição humana nasceram. E tanto
se me dá que o assim derrubado seja o fulano A como o fulano B, do partido Y ou
Z já que, nesta matéria em particular, não me rejo por princípios de
desumanização entre iguais. Não brinco com a dor do outro. O outro sou eu
também. Matéria completamente diferente e a discutir incessantemente, firmando
oposição forte quando necessário, luta se justificada, é saber se estes homens
da coisa pública estão, ou não, a tomar o seu devido lugar na vida social,
política, cultural e por aí fora, e especialmente sabermos quais os valores que
defendem e de que modo os mesmos se repercutem em nós.
Nesta
linha de pensamento, reiterando o meu não alinhamento com o PR, devo também
sublinhar o meu total desprezo e veemente crítica dirigidos aos que adoram
fazer comédia com a dor em peito alheio, peça representada na circunstância
pelo sindicalista Mário Nogueira e que afinal descambou em farsada de rua mercê
da inconsciência da bestiola que a interpretou. Tão ignóbil foi a versão do
ocorrido que até parece que ser perverso é um ideal. É uma pena que a passagem
dos grotescos ainda vá sendo alvo de gritaria macabra, dada a circunstância que
lhe forneceu motivo, mas igualmente lamentável é que seja ininterrupta pois
cada vez mais é um sinal da aniquilação do carácter de gente assim. Em suma,
não venceu por fim a besta, antes deu mais um contributo para a criação do matadouro
das actuais e, pelos vistos, futuras forças “inteligentes” do país. A continuar
assim, com estas modernas fundamentações sindicalistas, vai sem dúvida o visado
conseguir elos de reciprocidade. Pasmo com esta “nobreza” de dúbios, tolos e
presunçosos, pessoas que acham a política como sendo o meio para atingir todos
os fins mas sempre incapacitados para perceberem as mais óbvias realidades,
preferindo substituí-las por arremessos ridículos de razão em permanente estado
de cegueira e dúvida, sobretudo quando não respeitam as enfermidades dos
outros. Quaisquer que sejam, os outros, e as suas maleitas!
Mário
Rui
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