Sem
querer ser demasiado irónico, sobretudo porque esta história do antes e do
agora da A14 cheira-me a ponte que infelizmente já todos vimos, escuso-me a
prosar inédito a respeito dela. Portanto, atravesso-a em modo trivial. Não
estou certo se foi preguiça que deu à via, se foi desmazelo betuminoso ou se
foi a indiferença cínica dos materiais de fundação, todos juntos, ou por si só,
a brotarem do medonho e assim abrindo boca que por pouco não engoliu vida.
Humana, saliente-se! Humana, repito! Parece-me tão perceptível que não foi nada
que tenha a ver com estirador, projecto, cabeça, cálculo, pá, enxada e
manutenção, tudo como dantes e tudo sobre, ou sob água, que até me dispenso de
a talhar, à obra e aos obreiros, por episódios. Sim, até porque quem devia falar
sobre o assunto, já o fez. Formigueiros raciocinantes já diagnosticaram a
mazela que deu à estrada. De tanta explicação ouvida fiquei com a certeza de
ter chegado a hora de muitos terem alegado prestimosos serviços à via mas, a
via, colérica e falsa, afundou-se porque sim! Tal como aquela construção que
ligava dois pontos separados por um curso de água. Lembram-se. Afundou-se,
porque não? Agora, já só falta um cavalheiro autorizado, de preferência
ministro, vir dizer que afinal não é só a polícia que pode cortar a
auto-estrada. A própria também o pode fazer! Mesmo que enterre gente. É, em
resumido, o que penso dos desmandos de auto-estrada doente por velhice precoce,
se calhar por tantos séculos de trabalho e cuja fadiga é já grande. Coisas do
hoje, quase sempre a mesma carantonha, quase sempre o mesmo calafrio...
Mário
Rui
___________________________ __________________________