“Como
poderia um homem inteligente, hoje em dia, não se sentir apressado? Levante-se,
senhor, pois tem grandes coisas a fazer! Mas é necessário levantarmo-nos cada
dia um pouco mais cedo. Acelerai os vossos aparelhos de ver, ouvir, pensar,
recordar, imaginar. O nosso melhor leitor, para nós o mais precioso,
devorar-nos-á em duas ou três horas. Conheço alguns homens que lêem com o
máximo proveito cem páginas de matemática, filosofia, história ou arqueologia
em vinte minutos. Os atores aprendem a colocar a voz. Quem nos ensinará a
colocar a atenção? Há uma altura a partir da qual tudo muda de velocidade. Eu
não sou neste trabalho, um desses escritores que desejam conservar o leitor a
seu lado o mais tempo possível, entretendo-o.
Nada
para o sono, tudo para o despertar. Despachem-se, escolham e partam! Lá fora há
uma ocupação. Se for preciso, saltem capítulos, comecem por onde lhes apetecer,
leiam em diagonal: isto é um instrumento com múltiplas aplicações, como a faca
dos campistas. Por exemplo, se receiam chegar tarde demais ao âmago do assunto
que lhes interessa, saltem estas primeiras páginas.
Saibam
apenas que elas dão a conhecer a forma como o século XIX fechou as portas à realidade
fantástica do homem, do mundo, do Universo; a maneira como o século XX as
reabre, e como as nossas leis morais, as nossas filosofias e a nossa
sociologia, que deviam ser contemporâneas do futuro, não o são, continuando
acorrentadas a esse caduco século XIX. Não foi lançada a ponte entre a época
das espingardas e a dos foguetões, mas pensa-se nisso. É para que se pense
ainda mais que nós escrevemos. Apressados como estamos, não é sobre o passado
que choramos, é sobre o presente, e com impaciência. Pronto. Já sabem o
bastante para poderem folhear rapidamente este início se for necessário, e ler
mais adiante.”
Louis
Pauwels e Jacques Bergier
Mário Rui
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