“Comentadeiros”
de futebol, trabalhem seriamente. É exactamente o que fazem os homens de
excelentes traços de pena, quando têm de ganhar a vida.
Só
remediais o inconveniente com um mal maior. Já chega de tanto sofisma!
Horas
e horas a fio a falar em futebol. Uma mão cheia de nada. Quase toda a gente em
qualquer canal de televisão nacional, se calhar ainda por cima recompensada com
distinções honoríficas e lucrativas pelos seu “virtuosos” comentários sobre o
clube, o presidente, o jogador, o árbitro, as finanças, a transferência, o par
de botas que usa quem joga, a vida do dirigente, a mulher do jogador, a bola
que tinha quatro gomos quando deveria ter cinco, faz disso modo de vida. Enfim,
juízes, inquisidores, esbirros e carrascos, são todos impecáveis, oniscientes,
infalíveis. Neste campo do jornalixo que fazeis, sabeis que diferença há entre
nós, espectadores, e vós? É a que provém da índole das televisões que vos
querem a combater com as armas que engrossem a audiência tola que vos atura.
Mesmo crendo que em alguns casos as não tomastes por vontade própria, delas
fazeis ofício sujo, pois eram as únicas que o vosso patrão vos queria
subministrar, e que desonram mais a vós do que a ele. A verdade é que ao
aceitá-las, combateis com as armas traiçoeiras da falta de sinceridade e de
franqueza. Já chega, é demais, pregoeiros da fantasia. Estais a desfazer e a
atirar para a feira da ladra, ou então para uma qualquer lavandaria a céu
aberto, com as vossas sebentas e carunchosas intervenções, os instrumentos mais
nobres que a imprensa tem, sugando assim a melhor e a mais pura da substância
dos que para ela trabalham honesta e cabalmente.
Mário Rui
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