Óscar Martinez e
Valéria, de El Salvador, morreram enquanto tentavam atravessar o Rio Grande
(fronteira dos EUA)
Dói,
dói muito ver isto. E independentemente das razões políticas que concorrem fortemente
para a desumanidade a que chegámos, todos somos culpados pelas nossas formas de inacção colectiva. Sobretudo quando calamos
o comunicável, útil até, como grito do nosso nojo por quem fecha os olhos
perante o sofrimento
físico e o destino pessoal dos mais fracos. Quando a morte ronda nestes propósitos,
por muito que a queiram explicar, tudo não passa de acto pudicamente velado
pelo sectarismo. Não se escrevem porventura memórias de guerra, de sevícias, de
campos de concentração? E não será também saudável mostrar em que lamas o homem
se arrasta ou mergulha por vezes, para delas se não erguer mais? E eu calo-me? Os
erros são de todos nós, humanos, e não é de esperar que deles estejam isentos
os homens que mandam no mundo. Se sou eu que o vou mudar? Não, não sou capaz,
infelizmente. Mas afirmo com convicção que não aprendemos nada com o holocausto
nazi!