Embustes. Embustes ditos educativos
foi o que uma geração de pretensos cuidadores da coisa pública, e nomeadamente
na área do ensino, nos deram ao longo de 37 anos. Nós percebemos bem a lacuna
em que estes cuidadores sempre chafurdaram. Gente impreparada para o que quer
que fosse, à excepção da sua sua própria visão num futuro individual risonho,
gente que mais não fez senão desbaratar o tesouro educativo-profissional em
nome duma política mentirosa e de massas, revolucionários intelectualóides, que
só trouxeram caos e miséria educativa.
Se o anterior regime discriminava, e infelizmente
fazia-o, ainda assim manteve por muitos anos uma aposta séria no ensino técnico-profissional. Os que vieram
a seguir foram e são tão tolos, tão estupidamente curtos de vista que nem o
valioso património que havia a aproveitar souberam guardar. Tiveram todas as
condições para o fazer. Nem que fosse às escondidas! Mas não. Sempre lhes
faltou inteligência para traçar o caminho certo.
Também já não nos sobra tempo
para continuarmos a tentar explicar a esta horda, como fazer. É que ‘burro
velho, não aprende línguas’, como diz o povo. Mas não é por ser velho, é mesmo
por ser burro. Bem poderíamos, nós que enveredámos por esse ensino
técnico-profissional na década de 60/70, o dito ensino excluidor e de eleitos,
ensinar a esta gente de ora como fazer. Era tão simples!
Quando realmente nos
propomos a tal desiderato, foge-nos, qual areia entre os dedos, a vontade de
ensinar a gente inculta o modo de fazer bem. E foge-nos apenas porque nos fica
o sentimento de que eles não querem aprender. Há insondáveis interesses que
camuflam a aprendizagem que deveria determinar o saber ser-se bom dirigente.
Enquanto
esta geração de pessoas não for varrida da cena política nacional, e chamem-me
conspirador, Portugal não será modelo para ninguém. Bem podem esforçar-se por
fazer mais e melhor que nunca lá chegarão. E então no ensino, muito menos.
Ninguém pode ensinar aquilo que não sabe.
Continuem a usar as vossas melhores
vestes, a vossa verborreia palavrosa e já agora mantenham o fato e a gravata. Todo
este caldo há-de continuar a dar-vos estatuto social.
Nós, os que aprendemos
nas oficinas de torno e bancada, a apanhar choques eléctricos, a fazer
desenho-técnico, mas também a ler Camões, Eça e tantos outros, jamais
alinharemos convosco. Nem nos falem do que não sabem ò cuidadores de coisa
nenhuma.
Não há modo de mandar, ou ensinar mais forte, e
suave, do que o exemplo: persuade sem retórica, impele sem violência, reduz sem
porfia, convence sem debate, todas as dúvidas desata, e corta caladamente todas
as desculpas. Pelo contrário, fazer uma coisa, e mandar, ou aconselhar outra, é
querer endireitar a sombra da vara torcida.
Mário Rui