A
menina de quatro anos desaparecida há 18 dias numa parte remota do Estado da
Austrália Ocidental, foi encontrada viva e de saúde, trancada numa casa,
informou a polícia ontem, quarta-feira, 3 de Novembro.
O
homem suspeito de sequestrar a criança foi esta quinta-feira acusado de rapto.
Aqui
costuma pôr-se um ‘ai!..’ de alívio. E não é um “ai” qualquer, como um bocejo.
Também é de molde a meter-se um “ora, ainda bem”, muito derretido, por
comovido, muito sentimental por imaginado pelas lágrimas que correram às
bagadas durante o sequestro e depois pela libertação. Finalmente, também
deveríamos acrescentar mais um “ai!...” pelas fitas maquiavélicas, trágicas,
dramáticas, singulares dos que torturam inocentes crianças que tremem na
escuridão provocada pelos demónios que por ai campeiam impunemente. E quando chegada a justiça, quantas vezes nós
mesmos fazemos mais uns “ais” por desconfiarmos também das criaturas que são
apenas teóricas na avaliação do trágico, que falam da vida sem a terem vivido,
que são optimistas na condenação sem ligarem patavina ao sofrimento das
vítimas. Considerai um pouco; há
justiças que vivem a fugir de se encontrarem. Se se encontrassem, aí chegados,
respiraríamos melhor, todos! Afinal de contas de que serve a estes selvagens
raptores viver em anonimato senão para se verem a apodrecer muito todos os
dias? Um dia só não chegaria, mesmo que esse dia fosse uma eternidade de
solidão?
Mário Rui
___________________________ _____________________________