Começam
então a mostrar-se, em lugares que se vejam, os primeiros cartazes eleitorais
para as autárquicas 2017. Não estão aqui todos, obviamente, mas a amostra já dá
para trazer à memória aquilo que afinal não tínhamos ainda esquecido desde o
último momento em que aconteceu. Expostos ao tempo, alguns deles irão beber
ventos, enxugar águas, levar com sol que há-de parecer braseiro. Uns com o seu
ar recolhido, outros de pose severa, alguns ainda de ditame mais inteligente,
ou menos conseguido, do que porventura o necessário para exercer a sua função.
Não importa, é chegada a altura de se exibirem e quer se trate de caras, frase
estudada, atitude adoptada ou estilo protagonizado, o principal encanto de
todos estes sonhos é que encontrem eco por entre os esperados convencidos. Do
que se diz nestas telas, antecipadamente julgadas suficiências que traduzam
ideias que persuadam outros, julgo encontrar de tudo; que no futuro e num belo
dia todas as coisas vão entrar na boa ordem, que o bem vai vencer o mal, o amor
ganhará ao ódio, a justiça triunfará sobre o acto malvado, que o direito
vencerá a força e finalmente a verdade terá derrotado a mentira. Também li, nas
entrelinhas das frases-chave, que ninguém vai dar a uns o supérfluo sem que
antes já não tenha dado a todos o que é preciso. Ainda bem, digo eu.
Entretanto, há que esperar e assumir duas atitudes na espera; a cristã e a
estóica. A primeira faz acalentar esperanças, já a segunda não cansa tanto o
aguardar. Esperar, é afinal verbo de paciência, mesmo que a gente envelheça
muito como toda a gente que teima em viver.
Mário
Rui
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