Se
nisto Portugal também já mudou, então não vai deixar endereço.
E lá vem aquilo que eu abomino.
Aquilo que desnacionaliza o que de melhor temos no que à diversão, à romaria
popular, à nossa tradição festeira, diz respeito. Pobre terra esta que de
ordinário não se importa nada com o que importa, e menos ainda tem o costume de
nada se importar com o que não costuma exportar, e devia. Bem que podíamos
mandar para os EUA o rancho de Santa Marta de Portuzelo, o Tá-Mar da Nazaré, o Dia da Espiga, a Batalha das Flores, as nossas
Marchas Populares, o Jogo do Rapa ou o da Macaca. Isso é que eles iam aprender
o que era arraial do bom. Ou até, para ajudar à festa, umas uvinhas só nossas,
daquelas que passam as passas do Algarve só para conseguirem chegar à América.
Meia dúzia delas já era coisa para pôr os americanos em estado de não mais
mandarem para cá bruxas. Por um lado, já temos que cheguem. E, por outro,
finava-se essa tradição noctívaga e tétrica ‘secularmente enraizada” na cultura
popular portuguesa. Eu sei que é divertimento por cá transmitido de geração em
geração, e que calça que nem uma luva connosco, pois claro. Mas, que diabo, por
que razão importamos tanta porcaria lá de fora se o português pode produzir
tanta coisa linda cá dentro? Até pode ser um bocadinho chata a coisa linda, mas
é muito mais chata a coisa ser feia e, ainda por cima, não ter nada a ver
connosco.
Mário
Rui
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