A
primeira imagem já registada de um buraco negro foi descoberta pelos
portugueses. E se o mundo esperava a revelação dessa primeira imagem, então
desculpem lá mas a verdade é que os cientistas têm andado muito distraídos.
Será assim, não será, perguntarão alguns. Mas é que é mesmo assim. Habituado a
pagar o que não deve e sabendo o que lhe fica no porta-moedas, o português
médio há já muitos anos havia descoberto de onde se tira e onde se não põe. Um
incomensurável buraco negro, silhueta de uma sombra emoldurada por um anel de
luz de alarme, tem sido desde há décadas, talvez até séculos, o dito buraco em
que nos meteram. E, como quer que seja, a realidade é que estamos de posse de
um buracão absolutamente trivial, velho como o tempo, e sem que algum dia
tenhamos reclamado tal façanha. E venham agora esses cientistas dizer-nos que
encontraram o buraquinho. O tanas! Por cá, até o Ti Zé das Iscas, mesmo com um
rendimento de dez contos por mês e quatro joanetes, já o conhecia de ginjeira.
Buracos, é connosco. O que agradecemos com um ‘merci’ puxado bem cá do
interior.
Mário Rui
___________________________ _____________________________