Há já alguns dias que me interrogo a propósito do reaparecimento
de Miguel Relvas, facto amplamente divulgado pela imprensa, e interrogo-me não
tanto pela aparição do mesmo, que ao meu quotidiano nada diz, mas antes pelo
retomar das críticas, ainda que justas, acrescento, quanto aos seus atributos
académicos. Por outro lado, enoja-me, o termo certo é este, a moralidade de uns
coveiros angulosos e vesgos que nos seus uniformes pretensamente moralistas me
querem fazer crer através de palavras graves, com a sombra das suas mentes
embrutecidas, que o dito é o único intérprete de uma miserável existência
escolar que a todos queria enganar. Mas não é! Há mais, há também outros que
deveriam ser colocados exactamente na mesma fachada do indecoroso processo que
os guindou a uma licenciatura, mas desses, tais “puritanos” não falam. José
Sócrates é o melhor exemplo disso mesmo e independentemente do grau que cada um
obteve, de resto diferença única entre os dois, a falta de ética que em ambos
os casos presidiu às respectivas licenciaturas é igual. Tal como Relvas,
Sócrates conseguiu uma palete de equivalências injustificadas e ainda deu uso
ao fax e ao domingo para fazer testes e para receber notas e o título de
"Engº.". Curioso, é igualmente perceber que o primeiro mentiroso,
quando fez a sua faina de academia, não ocupava cargos públicos. Sócrates, o
outro mentiroso, ao invés, era secretário de Estado. Relvas, muito deve ter
porfiado junto daqueles lugares de mármores influentes de modo a conseguir o
grau de licenciado. Não conheço mais pormenores mas adivinho-os! Já Sócrates,
em quatro cadeiras, teve um mestre que por mera coincidência até era assessor
de um secretário de Estado, de seu nome Armando Vara, que, por sua vez, era
amigo de Sócrates. Não conheço mais pormenores mas adivinho-os! De Relvas e
Sócrates, riquezas sem dúvida oxidadas e rotas, gente que conhece toda a gente,
desde o bombeiro ao polícia, passando pelo carteiro e acabando nos da
irmandade, nada mais quero conhecer pois arrepio-me todo só de imaginar a rota
corrente do aprendizado através das lufadas literárias desse Nordeste. O que me
enoja, outra vez, é saber que continua a haver uma dupla bitola moral entre nós
e especialmente defendida por pessoas que pensam com o partido, amam e odeiam
com o partido, querem e agem com o partido e nada escapa desse triste padrão.
Mas então os graus académicos não deviam ser retirados aos dois? Ainda tenho
esperança que um dia tudo isto mude para melhor e, nessa altura, não duvido,
muita desta gente que só vê moral para um lado vai cair que nem um saco vazio!
Mário Rui
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