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sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Dois anos sem Aznavour
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Mundo assinala um milhão de mortos por Covid-19 este domingo - 27 Outubro
Um
milhão! É apenas um número, mas um número que infelizmente nos bate em brecha
do modo mais radicalmente desastroso. Quem diria que tal nos aconteceria, que
este mal podia mais do que nós? Que se desforrem os que quiserem com o simples
prazer de se acharem vivos e de saúde já que a muitos outros só restou uma
considerável e triste diferença de capacidade de viver.
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No seio da "fraternidade" triunfante
Disse
isto e ficou muito contente como sempre acontece a quem não sabe o que diz.
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Doença de Alzheimer
Para a doença em que se morre duas vezes, e a primeira é em vida – coisa estranha mas real - parece não haver ainda poente que a sossegue em definitivo. Doença degenerativa que leva a um galopante ‘ser’ em ‘não ser’, a par de outras, e que não mais significa do que baixar a ponte levadiça da vida, perder as sentinelas e começar a redigir o terrível manifesto da despedida. É, é assim e mais nada do que este assim. A fala faz-se tardia, a ideia enferruja-se e lá vem o tenebroso estado sem viveza mental, incapaz de exprimir emoções por conta própria. E por conta alheia, dolorosa igualmente, ainda que tentada a esperança, resfria toda e qualquer ideia de efusão de sucesso. Mesmo ao mais simples aceno de batuta, a orquestra que ouvíamos afinada, já só dá respostas destoadas. E a vida, que raio de vida, num acabar destes nunca dá qualquer penduricalho de mercê por bons serviços. É um deplorável episódio de fim de viagem. Não sou médico, de cientista seguramente também não faria reputação, tentei então a ciência no amparo ao drama. Não esqueci a sorte, acalentando a ideia de que para a cativar era preciso insistir. Palavra, acho indecente, o resultado não foi o esperado. No entanto, quero acreditar nos que lutam pela cura da doença, nos que vão conseguir enxugar a neblina que cerra essa descoberta de modo a que, tanto quanto possível, se erradiquem os coleccionadores de dramas íntimos. Força ciência, porque em cada cura há gente que quer tornar a viver!
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Leonard Cohen
Leonard Norman Cohen
21 de Setembro de 1934 / 7 de
Novembro de 2016 (82 anos)
Na
simpatia pelas melodias benfazejas, conciliando, quanto possível, a voz cheia
com as mensagens singularmente cantadas. O tempo e as circunstâncias
confirmaram isto mesmo.
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Imoderações do tempo
Bem
sei que a chuva faz falta, quero perceber o poeta quando disse que “um dia de
chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um como é”. No
entanto, prefiro o dia cheio de sol límpido e de grande pureza de ares. Faz-me
bem a cascata da sua luz candente com o risonho do céu transparente. Do que não
gosto é de pano de fundo com nuvens cinzentas às camadas, que me caem em cima,
fechando-me os horizontes. Tempo chuvoso e lamacento não me dá decorações
fantásticas do ocaso e o que eu quero é ver toda a Natureza ao largo.