Papa
pede para que jovens não desistam de lutar contra corrupção
Durante
o discurso na favela de Varginha com
forte conteúdo social e mensagens políticas, o papa Francisco fez um apelo para
que os jovens não desistam de lutar contra a corrupção.
"Vocês,
queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas
muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que,
em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para
vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança,
não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode
mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem
ao mal, mas a vencê-lo."
Num
mundo onde qualquer rosto se pode revelar como sendo uma máscara, traz algum
conforto sabermos que ainda há homens que, embora em escasso número, promovem
um humanismo pronto a negociar para além das fronteiras inventadas pelos maus.
Na circunstância é o Papa Francisco a fazê-lo. Podia ser outro, mas certamente
que teria muita dificuldade em assumir uma identidade única pois que, neste
sítio conturbado em que vivemos, torna-se muito difícil, mesmo perigoso,
polarizar, agregar e finalmente cultivar o bem comum. É difícil porque há por
aí umas sociedades fechadas, ditas secretas, que não querem e não deixam que
personalidades cívicas se tornem cidadãos de pleno direito. Tão depressa instigado
este empurrão para fora do social, assim nasce a tal corrupção a que alude, e
bem, o Papa. Concorde-se ou não com ele, ainda bem que o temos como voz
autorizada para falar ao mundo sobre as vicissitudes do nosso tempo e
especialmente para lembrar aos mais novos que a realidade de hoje pode mudar!
E, tanto quanto percebi, nem sequer lançou mão do religioso ou espiritual para
o dizer. Afinal, para quem o quis perceber, apenas falou em relações de
igualdade e não de transcendência. Pois bem, este credo cultural, que não
outro, chega para que as reivindicações dos que agora aí estão em força, os
mais novos, se ergam decididamente contra o carácter implacável dos maus que
fazem deste mundo pequenos mundos corruptos. Nós, os mais velhos e os que são
sérios, já há muito percebemos onde nos meteram. Com tanta mentira, contrato
fraudulento e dolo próprio, fizemos o que nos foi possível. Educar os nossos
filhos no seio dos deveres supremos que sempre devem assistir a quem se quer
digno de pertencer a meio com substância ética. Se calhar não fizemos tudo o
que devíamos. E isto não quer, de forma nenhuma, dizer que as nossas intenções
morais tenham enfraquecido. Pelo contrário. Ainda por cá vamos estando para a
luta mas de facto já precisamos da ajuda do homem de branco. Valha-nos ele,
pois de preto e tidos como supostamente finos e cultos, já nos sobram. Afinal
apenas distractivos! Como diria Nietzsche, "o homem prudente não diz tudo
quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz. ...” Continua, pois, Francisco, a
dizer pensadamente, mesmo que alguns se empertiguem com ego ofendido. Nós
agradecemos sábias palavras e ao mesmo tempo afrontas a génios maldosos. E já
agora, viva a inquietude dos mais jovens!
Mário
Rui