As
eleições legislativas gregas de ontem deverão ficar para a história como as
menos concorridas desde a II Guerra Mundial
Num
país onde o voto é obrigatório, mas ninguém é sancionado se faltar, a abstenção
rondou os 43,3 % o que parece querer dizer, digo eu, que não é a “obrigação”
que impede que o direito à cidadania não deva ficar à mercê da liberdade de
cada um, sendo isto talvez verdade para a Grécia como para qualquer outro país.
É por isso mesmo que também não me parece, contrariamente à opinião dos que
gostavam de ver a abstenção definitivamente abolida, que seja dever de qualquer
cidadão devotar-se a essa injustiça abolitiva. Por muito que me tentem
convencer do contrário, somente a vontade de quem afirma a sua própria
liberdade não a deixa à mercê do acaso. Não é a praia, o sol, a chuva, o
comodismo e muito menos o desinteresse cívico, quem engrossa o abstencionismo.
Ele só se faz caudaloso porque a maior parte dessa abstenção consiste
justamente na necessidade de os eventuais votantes verificarem se com o voto
expresso não estarão a prestar um bem ao mal que condenam, ou seja, a política
como ela tem sido feita: sem muito respeito e sem muito carinho por quem vota e
então depois lá vem a expressão da pouca satisfação que se chama abstenção.
Pelo menos por cá, por todos os votos – expressos, nulos e brancos -todos eles,
pagamos a triplicar, pois começam por nos cobrar a subvenção destinada aos
partidos concorrentes, depois é mais uma nota por cada voto posto na urna e
finalmente ainda vem a terceira parte que é a dos colectores de impostos quando
em funções de mando governativo. Já me convenci que afinal é com políticos que
brigo, não com votos nem com abstenções, razão pela qual respeito de igual modo
quem vota mas também quem se abstém. Aceito opiniões diferentes desde que me
provem haver uma melhor condição de superar estes obstáculos, em especial o de
frequentes vezes darmos o nosso voto inteiro e a seguir nos sentirmos
diminuídos.
Mário
Rui
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