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anos de comboios (Outubro de 1856/2017)
Desapareciam
as carroças e nascia o caminho-de-ferro, que tomou esse nome porque os veículos
se deslocavam em carris de ferro. Em Portugal, depois de muitos projectos
falhados e da constituição de várias empresas fracassadas, foi inaugurada a
primeira linha de caminho de ferro entre Lisboa e o Carregado, numa extensão de
37 Km. A primeira viagem realizou-se no dia 28 de Outubro de 1856 levando a
bordo o Rei D. Pedro V.
Quantas
foram as histórias contadas, vividas, ouvidas no comboio? Quantas viagens típicas,
simbólicas e míticas nessas carruagens? Quantos bilhetes cobrados feitos
pensamentos novos nessas viagenzinhas do progresso? Devagar, às vezes
devagarinho, mas progredindo sempre. Quantas pressas em chegar tantas vezes
incertas no ânimo de ter alguém à espera? Quantas vezes corremos a apear-nos no elegante da Estação e no abraço, no beijo aguardado? Quantas paisagens comidas com
os olhos nessas estradas de ferro? Fumos e vapores, uma vez ou outra, açoitavam
a delícia de se ir e voltar, mas íamos e voltávamos. E digam lá o que quiserem
mas o comboio foi um romantismo que se entalhou na alma de quem nele tomou
assento. Tinha paladar próprio, atrelado a locomotiva, rainha por direito que
puxava sonhos rolantes. Desvaneceu-se o
prestígio? Não! Talvez só a sua lembrança. Daí que a traga agora à memória
porque não sou muito dado a distrações. O comboio merece-a. A recordação e um
grande poema de epopeias!
Mário Rui
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