E
uma manhã ergui-me antes do dia e fui acordar o sossego.
É
mais que uma aparente possibilidade de entrar por lá fora e então depois tudo
se cala na mansidão de água que reflecte estrelas bem desenhadas na superfície
que nos olha. De ambos os lados erguem-se, como que muro que tudo ancora,
barreiras sólidas que acolhem vegetação cor d’oiro, como se de trincheira de
guerra se tratasse em fazendo frente à subida inoportuna de águas mais revoltas
que lá pelo tempo de invernia sem dó dão ares de inimigo que espreita. O
caminho, que é o curso que dá largas às nossas regeneradoras passadas, é
horizonte que se espraia a perder de vista oferecendo alas por onde se
calcorreia uma calma e pensadora manhã com um sol alegre que do cimo manda
bênção que aquece o coração, claridade amiga que consegue arrojar bem para lá
do infinito as ruínas e preocupações dos pagodes do quotidiano. Instantes
revestidos de brocados, cintilantes de incrustações de oiro e ainda por cima
coroados por adornos, afinal diademas do mais singular detalhe. Sei lá se não
será aqui que a contemplação melhor canta a sua eterna legenda. Há uma face de
perdão neste lugar, nesta paisagem!
Mário
Rui
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