Eu
sei, a culpa é minha. Mas que diabo, nunca engracei com ficção, nem mesmo com a
bem trabalhada. Já com fábulas, sou mais adepto. Em tratando-se de histórias
feitas para crianças e que geralmente terminam com um ensinamento moral de
carácter instrutivo, do tipo da cigarra e a formiga, da raposa e as uvas, da
lebre e a tartaruga, ou até do leão e o ratinho, isso sim, lá fico embasbacado
em torno das suas 'perfeições'. Por estes dias, ao ver a excitação, talvez
mesmo exaltação, que por aí vai com o sétimo filme da série "Star
Wars", dei comigo a pensar se esta imersão colectiva em plasticidades,
ainda que fantasticamente conseguidas na tela, não fará com que o espectador
amante do género deixe mais sais na sala do que aqueles que absorve. Mas pronto,
este é o meu lado amavelmente céptico quanto aos poltrões e heróis, espécimes
sociais de outras galáxias que não enxergo e que têm feito de muitos
portugueses, os outros não me interessam, uma química cinéfila que se extasia
com os veredictos de uma ciência ficcional que de terrena nada tem. Afinal, é
por cá que estou, e se me dão almoços de multíplices aspectos extravagantes de
outros universos, como hei-de eu entender o mundo em que de facto vivo? Não é
fácil, e essa é mais uma das razões que me leva a não querer assistir a cenas
pintadas em telas do além, para já não falar no modo como se vai anedotizando o
que de excepcional a sétima arte já produziu, mas cá, no planeta Terra. De todo
o modo, vejam filmes, os que quiserem. Quanto a mim, continuarei com a minha austera
fidelidade habitual às ovações aos humanos que fazem e já fizeram outras fitas.
Bem boas!
Mário Rui
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