Já há data para o referendo no Reino
Unido (LER
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Eu, que de política europeia, e da outra também, percebo tanto
quanto o peixe percebe de bicicletas, confesso, não me custa e fica-me bem,
estou cada vez mais perplexo ante esta Europa que se fundou no propósito de um
mercado comum europeu, instituições comuns para o desenvolvimento económico,
zona preferencial de comércio, área de livre comércio, união aduaneira, mercado
comum, união económica/monetária, solidariedade social(?) e, agora, já é coisa
distinta do original. Afinal, mudou ontem de forma radical. David Cameron,
primeiro-ministro do Reino Unido e líder do Partido Conservador, arrancou
vitória sobre os demais e conquistou um “estatuto especial” para o seu país.
Ademais, garantiu o direito de não avançar com certas políticas comunitárias
sem negociar contrapartidas. Passa ainda a escolher as políticas mais
convenientes para o seu país, não quer a moeda única nem dada, migrantes nem
vê-los e, ainda por cima, não quer sair do grupo chamado de União Europeia.
União, o tanas! Mais me espanta, ainda, que alguns insistam em considerar
Angela Merkel como dona da Europa, ela que até disse «que o acordo com o Reino
Unido é um "compromisso justo" e que os países da União Europeia (UE)
"não deram demais" a Londres nas suas concessões para manter o país
no bloco». A diferença está nos pormenores; é que se a Inglaterra já teve uma
“dama de ferro”, passou agora a contar com “um homem de aço”. E que carvão ele
mete na carruagem! Grande EU, “à la carte”, e vindima mais fértil para o Reino
Unido, seria difícil! Cameron, deves estar de parabéns pois fazendo e
desfazendo receios – perdidas as evocações desses primeiros tempos de união de
facto – lá vais arrecadando os bácoros para a fartura do ano inglês. Dando
largas à tua iniciativa de negociante, ainda vais vender os gansos, as galinhas
e os tais bácoros ao resto da Europa. Isso é que são projectos de futura
prosperidade! Agora união, é um carro com parelha de mulas a puxar a carroça
vazia dos outros. Rapaz fino, ou o burro serei eu? E a má, é a alemã? Não me
liguem, só digo tolices e devo estar a ver mal a coisa, mas esta vida de
sobressaltos e fleumáticas inglesadas vilezas roubam-me o bom-senso. Enfim, a
verdade é que quem pode, pode! Bom fim de semana.
Mário Rui
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