Se
este tempo é deste tempo então inventem-se novos tempos. Um Agosto moribundo,
uma agonia de Verão que tarda, vá-se lá saber porquê, pois que nesta altura a
visão dos dias soalheiros naufraga lamentavelmente em pleno porto. Beber porção
amarga das nuvens cinzentas que insistem em aparecer não é coisa sedutora e
muito menos formosa já que não enfeitiçam a alma. Ademais, aquele proveito só
possível quando vindo com o sorriso do Sol, escapa-se-nos em batalha marítima
que travamos com a areia, com o mar, enfim aparições que dão cor a dias
luminosos que rareiam. Enquanto esperança por instantes assim, bem podemos
engendrar sóis e luas, às vezes estrelas, até sentarmo-nos em mastros de barcos
que aguardam mar chão que lhes faça sorriso, tudo modo de estar que vigia
pacientemente a chegada de nova morada. De modo que, de acordo com tal proeza
feita feiticeira que leve a supor um amanhã mais aberto, mais limpo, que engane
o tempo escuro, insistimos em pensar nos espíritos etéreos que devem ser
infinitos. São eles que regulam o céu azul, ou o cinzentão, vezes sem conta
estúpidos, outras tantas irritantes, rabujentos, insatisfeitos e poucas vezes
possuídos do bom humor que tanto jeito nos fazia. Valia um reino um tempo
assim, beijo grande que nos confortasse após a singular luta contra um Inverno
difícil e árdua briga por dias que finalmente nos tragam notícias de um Verão
desejado. Embora cansados, seguimos firmes na espera do prazo marcado.
Mário
Rui
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