Um ramalhete muito raro
Quatro ex-ministros das Finanças
juntaram-se para abordar os problemas que afetam o país.
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Tão diferentes eram e no entanto são tão iguais
Realmente não há nada melhor que ter sido
ex-ministro de qualquer coisa já que esta condição parece ser requisito mínimo
para se obter o mais vil impudor no que toca ao pensamento e acção de certa
gente. Os que ontem pouco fizeram para evitar a falência do país, porque
incompetentes, hoje voltam à boca de
cena, não para pedirem desculpa pelo seu duvidoso desempenho mas antes para
mostrarem o segundo ou terceiro acto de uma tragicomédia anunciada, continuada,
e da qual, pelos vistos, continuam a não sentir o menor arrependimento. Vergonhosa esta actuação no teatro das nossas
desesperanças. Acham eles que agora é que vem o belo canto quando afinal o acto
que nos mostram, mais um, é apenas a extensão do terrível. Julgam enganar-nos ao
tentarem fazer com que a aparência supere a realidade, mas não, o triste
espectáculo das suas governanças contabilísticas nunca será mais verdadeiro do que a realidade.
Também é lamentável que a cena mediática persista na instantaneidade, no
imediatismo e na ubiquidade destes actores de terceiras séries pois que, assim
sendo, está a contribuir não só para o encolhimento do nosso tempo de
acreditação moral mas sobretudo a contribuir para a privação mais ou menos
completa da sensibilidade geral. São apenas acontecimentos que correspondem à
desvalorização das nossas eventuais simpatias, tratando-se pois de uma pretensa
deontologia política completamente estilhaçada.
Agora, do outro lado da barricada, é fácil criticar o caos presente mas
é incompreensível como é que se pode celebrar uma proposta de atitude diferente
para o futuro se foram estes mesmos que o enegreceram! Os actores de terceiras
séries, como dizia lá atrás, querem que o aleatório, o efémero e a
incompetência das sua atitudes económicas e mesmo das suas actividades no
domínio da moral, se transformem em ideias com fundamento, de transcendência e
já agora de duração. Tais ex-governantes
economistas “neoclássicos” não
passam de agentes depreciativos de nós mesmos. Crer em tal estirpe virulenta é
continuar a desfigurar o nosso dia-a-dia, razão mais que suficiente para que,
se tivessem pinta de senso de verdadeiro orgulho político, escondiam-se e não mais
apareceriam em público. E tem mais: um dia, se a história se encarregar de os
julgar, coisa de que aliás infelizmente muito duvido, então que se juntem ao
diabo que também precisará de se sentar no banco dos réus, embora só este
último deva ter direito a advogado. Por
toda a imensa urbe que nos rodeia encontraremos por certo população que
‘defenda’ os outros. Não foi Deus que ofereceu as leis aos homens para que eles
pudessem cumprir o Bem?
Mário Rui
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