“Sessenta
e quatro mortos interpelam-nos, exigindo verdade, convergência e reconstrução,
com a humildade de assumirmos que os poderes públicos não corresponderam às
expectativas neles depositadas”, diz Marcelo Rebelo de Sousa numa mensagem
colocada no site da Presidência. (LER
AQUI)
Sim,
senhor Presidente. Eu até me disponho a fazer um esforço no sentido de
descobrir que “poderes públicos” são esses. No entanto, agradar-me-ia muito
mais que o senhor, abertamente, os identificasse pelos nomes respectivos. É que
nos dias de hoje, a noção de “poderes públicos” ampliou-se tanto que, embora ninguém
se atreva a reconhecer explicitamente, desvaneceu-se por completo.
Transformou-se num fantasma difuso, inapreensível, metafórico. Porque ninguém
será “público”, se todos acreditarem que o são ou se o conteúdo do que chamamos
“público” tiver sido degradado de tal modo que todos possam injustificadamente
acreditar que são “públicos”. Esse processo de progressivo empastelamento e
confusão de responsabilidades, tem certamente nomes. Não importa quais, mas
tem. E quer se chamem Manel, Zé ou Xico, do partido A, B ou C, o meu propósito
em identificá-los, é generoso e por uma razão muito simples; é que uma coisa é
acreditar que todos me merecem alguma consideração, visto que em todos pode
haver contribuição positiva para esta calamidade, e outra, muito diferente, é
acreditar que todos eles se equivalem, pelo simples facto de existirem.
Ajude-me, senhor Presidente e deixe-se lá de mais orfandade “publicada” de
responsáveis do que aquela que já temos. Muito obrigado, senhor Presidente!
Mário Rui
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