Constatado
este infeliz exagero, bem que podia discorrer sobre o mesmo juntando-me assim
aos ideólogos, tudólogos, sociólogos e ainda emparceirar com os colapsólogos e
astrólogos que habitualmente encontram explicações para casos destes, como de
resto para todos os outros e não importa de que natureza. Mas não, não o faço.
A esse oceano de talento que vem espalhando esclarecimentos em todos os meios
de comunicação, desde o tempo da Maria da Fonte até aos dias de hoje, não me
junto. Como toda a horda é genericamente imperfeita, para não dizer estúpida,
convém não pertencer a facções insignificantes até porque quem acha que sabe
tudo é porque anda muito mal informado. Prefiro ouvir os que sabem da poda e
largar de mão os meros comentadores de cenários. Dito isto, reivindico pois o
direito ao silêncio num mundo cada vez mais barulhento, sendo que tudo o que
não desejo é um novo ano velho. De resto, é por estas e por outras que não
quero que o agora nascido saia ao pai. O que deveras me alegraria era poder
congeminar projectos de futura prosperidade, em que os olhos se perdessem
divagando apenas amenidades, mas sempre na companhia dos que sabem o que dizem
e nunca dizem o que não sabem. Falo dos médicos que estão na linha da frente,
enfermeiros, auxiliares de saúde, a quem tiro o chapéu, faço por esquecer os
políticos de meia tijela, os comentadores pretensiosos que são convidadas a
subir ao palanque para opinar e a turba imensa de bisnagas de fel que por aí
esguicha saber sem nada saber. Que sejam os profissionais de saúde a
explicar-nos a razão de tanta desgraça, e nunca essa "elite" de
palradores cheia de planos mágicos que virou agora massa.
___________________________ _____________________________