‘Corrupção’
é a palavra eleita pelos portugueses para descrever 2014, numa votação levada a
cabo pela Porto Editora.
Se
se tratasse só da palavra em si, a coisa não traria mal ao mundo pois que
“palavras leva-as o vento”. O problema está, isso sim, na miríade de
finalidades humanas, umas mais habilidosas, outras mais inocentes mas nem por
isso menos asquerosas, que consubstanciam o verdadeiro significado prático do
termo. Muitos interpretam-no como sendo tentação, outros dirão tratar-se de
sedução, não esquecendo em especial os que o entendem como paixão irresistível.
Curiosamente, ou não, todos estes entendimentos acabam em ‘ão’ como que fazendo
lembrar, para rimar, que afinal mais parece profissão. Não sei, nem quero
saber, se tal ofício é coisa corrente em outros tantos países deste mundo já
que me basta perceber que no meu, certos artífices deste labor, jamais deveriam
ser tratados como regra mas antes como real excepção. Mas do que tenho mesmo a
certeza é de que não gosto desse terrível algoz, o corrupto, sempre convencido
da sua ilibada abundância, não só porque quer muitas fertilidades e
consegue-as, mas sobretudo porque aos que trabalham de espírito aberto e sério,
em querendo muito pouco, nada conseguem. E tendo tanta firmeza no que penso e
digo quanto à palavra ‘eleita’, atrevo-me a explicá-la aos meus filhos. Nem que
seja só para que percebam a complexidade de éticas solidamente unidas a
empirismos traiçoeiros.
Mário
Rui
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