E aí vem mais um “chuto” na bola, coisa que
pula e avança e faz girar o mundo numa dança anarquista quantas vezes
revolucionária de praia e outras tantas interpretação da nossa realidade sob um
manto de verde colorido onde a especificidade rola na análise crítica do mundo
quotidiano. Que raio de nome deram ao esférico, a bola, essa forma de reunião
que se junta a uma reflexão sobre os personagens que nela batem, seus malandros
e seus heróis, afinal actores principais. Com ela se discutem também outros
sistemas, certos factores sociais, políticos, económicos e nacionais pois que
tudo é plano de elaboração interna do sistema. A bola, com chuva ou sol, todos lhe discutem a
identidade, a especificação, as zonas de encontro, a mediação, o sítio de reunião,
o adro da discussão e depois o tempo fica suspenso e uma nova rotina deve ser
repetida ou inovada. A bola, ninho onde nasce o poder da teia, a táctica e o
meio, canto onde também se pode forjar a esperança de ver o mundo de pernas
p´ró ar ou de cabeça p´ra baixo. A bola, realidade do desenvolvimento
interpretativo do tudo e do nada às vezes inclusiva e abrangente e muitas mais
cuspindo fora o racional, a coisa que anda veloz na metodologia e no
procedimento mecânico quase sempre hierarquicamente determinado. Enfim, a bola,
o esférico, a redondinha, a comparação por meio de contrastes e contradições,
buscando não o semelhante, mas o contrário e o diferente. É com ela que
primeiro realizamos uma explicação em termos individuais e nunca chegamos a uma
compreensão quando a verdadeira demanda devia ser o oposto. Então e o que mais significa
a bola? A quarta, o sábado ou o domingo, dimensões históricas, eixo temporal
que é sempre um universo cronológico de mitos e legendas, sagas e manias.
Ficamos com uma nítida consciência da sua passagem pelo terreno do jogo e no
fim estamos fora do tempo e do espaço poderosamente dominados pela ideia de que
temos um momento especial. Acções vezes sem conta invertidas, gentes, actores, gestos, acenos e
roupas características. Não matem o cerimonial, deixem a bola formar relações evolutivas
nem que seja para acabar com a distância
entre fracos e fortes! Bola, razão estética com todos os rituais onde sempre
encontramos um centro!
Mário Rui
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