Eu,
que até sempre me achei mais das letras - pobres, entenda-se - do que propriamente dos números, lá
consegui fazer umas contas de aritmética
pelintra, e deu nisto. Talvez seja útil aos que acham que o objectivo primeiro
de uma eleição é rejeitar ao invés de eleger. Então, atentem no quadro e vejam
se percebem.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
O jogo gingado de interpretar eleições!
É
esta a erudita ciência política do que aparece à consciência e interesse
político de alguns. Convenhamos, é uma ciência muito útil à desonra do eleitor!
Já
lá vai mais de uma semana e tudo está como dantes. Até fico com a ideia de que
nada aconteceu no passado domingo 4 de Outubro posto que, a nossa democracia,
dormindo repousadamente o sono que serve de pretexto a muitas trapaças, e ainda
agora se voltou para o outro lado, decidiu que afinal não houve vencedor
eleitoral. Ai não? Então para que serviram os votos dados, independentemente do
destino que cada um lhes quis traçar? Uns ganharam, outros perderam, ponto
final! E que mal há nisso? Mas quem ganha não pode formar governo? Mas as
diferenças não podem, e não devem ser discutidas depois no parlamento? Não é
essa a razão de ser da sua existência? E se entretanto o governo vier a cair
precocemente por falta de apoio parlamentar? E então? A democracia acaba
também? Mas após o acto eleitoral e conhecida a força vencedora, qualquer que
tivesse sido, não discuto o povo, não há legitimidade popular para a por a
governar? Mas, face ao que se decidiu no passado domingo, eu tenho de andar a
aturar a ilusão de socorro que a falsa bondade dos perdedores parece querer
facultar ao PS? Mesmo que ao PS fuja a esmola do regaço? Mas eu devo andar a
aturar a falsa compaixão de quem perdeu por muitos em favor de quem perdeu por
menos, ou não será isto mesmo uma compaixão egoísta? E o PS, democrático e de
Estado, sem dúvida, estará disposto a estas conivências nascidas do facto
ilusório de que os sentimentos políticos de uns radicais são imediatamente
acessíveis aos outros? Lamento todas estas cenas grotescas saídas, ou melhor,
confeccionadas de restos de perversidades políticas que já há muito tempo eu
julgava afastadas da nossa vida colectiva. Não obstante a mágoa que aí está,
ainda bem que houve um pós 4 de Outubro. Aprendi mais e entretanto arrumo as
xícaras, sento-me também e espero para ver no que vai dar este jeito gingado de
interpretar eleições!
Mário
Rui
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