Paula
Brito e Costa acusa antiga vice-presidente de desvio de fundos (LER
AQUI)
A
Paula e a Joaquina juntaram-se à esquina a tocar a concertina. A concertina lá
estava para juntar cinco tostões que lhes saciasse a fome posto que chegado o
apetite era do milho dos outros que elas se alimentavam. No início da míngua
pareciam convergir em obra útil e visível, mais tarde ficou o resto sepulto em
corruptelas de corte e paixão nada dando ao moradio privado de cada cidadão.
Duas pobres com arcas sem roupa, peúgas rotas,mosqueiro com um só carapau já
feito apenas espinha, afinal pé-de-meia sem economias. Que pobre trem de vida.
Ninguém merece viver assim. Mas porra, um dia ambas se lembraram que afinal
viviam num país assaz imaginativo, sítio onde o frenesim do brilhar leva o roto
à sofisticação de tudo. E porque não tentar a sorte? Entre dramas, comédias e
parolices dadas à cena, porque não encontrar um estilo próprio que anime os
nossos assuntos? E então, se bem pensado, melhor feito; se Portugal é um mundo
que nos traz encantadas, pois que tal encanto nos faça mais felizes. E com a
mesma e costumada cautela que resguarda os deslumbrados, caldeada com o mel que
adoça os que nada querem ver ou sequer saber, que se lixe tudo pois a vida é
breve, baralhem-se as cartas ou mude-se mesmo o baralho, e vamos mas é melhorar
de fortuna e condição. Enriqueçamos depressa e bem enquanto a impunidade é
segura por ser a cumplicidade geral. Com ignorância e preguiça é que ninguém
fica rico. Agora já só falta que nos digam que a maior vantagem da riqueza é
fornecer materiais para a beneficência! Capazes disso são elas pois
percebendo-se que agora é um passa-culpas pegado, o que dizem mais parecem
fábulas de habilidade e engenho.
Mário
Rui
___________________________ __________________________