No
dizer de uns anuncia-se por aí ano novo, no de outros será antes um novo ano.
Não é relevante o modo como se diz já que, no fundo, o que todos somos é
herdeiros de guardar conveniências e nessa medida certamente que a esperança
que mais religiosamente guardamos tem sobretudo a ver com a necessidade de
simplificarmos a complexidade do mundo que nos rodeia. E esta peleja faz
sentido, mesmo que a nossa condição natural nos leve a querer mais do que
aquilo que podemos atingir, pois daí virá a vontade, sincera em muitos casos,
em desejar aos outros caminhos mais amenos e direitos, em vez de peregrinações
ásperas e carregadas de escolhos. Esse tal ano que agora bate à porta, é
esperança que convém avaliar, medindo-se o futuro, é certo, mas tendo bem
presente que segura e infelizmente tardará o 'império' esperado. Apesar da
tempestade de cepticismo que nos tem servido de manto frio e da espera que
desespera, importa que na passagem do minuto passado para o minuto futuro, até
porque nestas coisas não se pode andar com os ponteiros do relógio para trás,
consigamos então sugerir simplicidade em lugar de restabelecermos a aludida
complexidade dos costumes impostos. Nem que seja por um só minuto, pois algum
apetite imaginativo e uma certa satisfação na coisa, só acrescentará confiança.
Divirtam-se, passem bem do ano relho para o que começa, ainda que seja em
autocomplacência espiritual, mas jamais envoltos em céltico e repetido
crepúsculo.
Mário Rui
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