(imagem do "Correio da Manhã e onde se lê Mariano Gago deve-se ler Nuno Crato!)
O
caminho escolhido para esta avaliação e a própria avaliação estarão certamente
semeados de armadilhas. Por outro lado, quero crer que o percurso para se
chegar a professor terá sido estimulante e conseguido o suficiente para que
cada um dos que lhe empresta sentido esteja à vontade a transmitir ensinamento.
Dito isto, também é importante que se refira que ninguém vive sem mudança. Ora,
essa mudança, pressupõe a aceitação de que a procedência de conhecimentos deve ser
regularmente avaliada e, se for o caso, actualizada de modo a que não subsistam
dúvidas quanto às coisas novas e avançadas que o mundo actual nos mostra. É um
património que obrigatoriamente deve ser passado aos mais novos e ninguém
melhor que o professor o sabe e deve fazer. Embora todos os outros aspectos
possam diferir entre si, o antes dito relativamente à classe profissional dos
professores é igualmente verdade para muitas outras actividades profissionais
ainda que em dose e grau diferenciados. Assim deveria acontecer mas, de facto,
não entendo da razão que insistentemente leva ao apontar de baterias aos que
passam instrução e competências e o mesmo não se faz a outros, tão ou mais
carecidos de reciclagem que os primeiros. Até parece que há artes e ofícios que
estão imunes ao progresso dos tempos e portanto neles mesmos se sentem em casa.
Esquisito, não é? Bom, mas avancemos então e voltemos aos professores. Se no
início aludi às ciladas da presente avaliação, apenas quis dizer que, em
presença das regras ditadas pelo respectivo ministério, me parece ter havido
falta de diálogo entre as partes envolvidas mas com culpa agravada por banda de
quem manda. Quem quer que se disponha a discutir o que quer que seja, deverá
sempre começar por dizer o que não está em discussão, ou seja, além de declarar
o que se quer provar é preciso declarar o que não se quer provar. O ministro
não o fez. Esteve mal. Ponto final!
Mas
por falar em avaliações há, isso sim, uma outra não menos útil apreciação a
fazer, não por quem manda, mas antes por todos nós. E agora vou fazer de conta
que o actual “romance” teve final feliz para ambas as partes, mas em especial
para a classe dos que nos ensinam a ser gente. É esse o final que lhes desejo.
Merecem-no!
Essa
derradeira avaliação vai direitinha para o sindicalista que, de jeito
repetidamente ortodoxo, reitera a sua inflexibilidade perante o que quer que
seja. Para ele tudo está mal: o tempo, as horas, o céu, a história, a intenção,
o progresso, até o firmamento. É um credo estranho, este que deposita fé numas
poucas máximas não verdadeiras. Eu sabia de homens que acreditavam em si mesmos
com uma confiança mais colossal do que a de Napoleão ou César, mas como este
sindicalista ainda não tinha visto. Até quando? Não há curso, ou mesmo recurso
de formação que pinte de outra cor semelhante obstinação? Ou melhor ainda, que
acabe com o colorido e nos mostre a realidade inteiramente de fora. Mesmo que
seja de modo empírico.
Mário
Rui