Lá
que se protejam os animais, eu concordo. Já não sou é assim tão adepto da
tolice indígena que parece querer advogar a coleira no pescoço do dono e o cão
absolutamente destrelado. Quando não, começa a chover por aí asneira protectora
lapidada em sentença chanfrada que, desconfio, ainda vai chegar às flores. Pois
não? Repare-se então no que fazem os botânicos às indefesas plantas. Às vezes
apanho-os nos meus percursos campesinos, ora a atravessar a planície, ora a
trepar colinas ou mesmo a devassar moitas, tudo em busca de flor linda que se
possa dissecar. É vê-los com aqueles aparelhos de tortura a cortar os caules às
indefesas presas, só para lhes causarem dor e observação indiscreta à lente do
microscópio. Ainda por cima baptizam-nas com nomes de nomenclatura técnica,
assim meio filosóficos, que ninguém entende. Mas isso ainda é o menos. Pior é
quando pétala a pétala caem desfolhadas, quando sem dó nem piedade lhes rasgam
os cálices, penetram nos ovários, disseminam-lhes os grãos, enfim uma ira de
estudos contra as flores, uma barbaridade. Vitimas inofensivas de uma ciência
cruel. E não há quem evite isto? Talvez, pode ser que a corrente chinfrinice
sobre o assunto, a que confunde alhos com bugalhos, ainda se estenda à flor.
Fujam, botânicos, aproxima-se a vossa vez.
Mário
Rui
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