Independentemente
daquilo que cada um queira defender relativamente à implantação da República ou
da Monarquia, preferências sobre as quais não me ocorre por enquanto opinião
sustentada, sempre vou formulando mera congeminação que me leva a dizer o que
se segue. Desde logo, e porque insistentemente ouço muita gente a abominar a
Monarquia, fico com sérias reservas quanto à real eficácia da República. Mas
isso são dados que por ora não quero discutir. Acho é que há regimes com uma
forte componente monárquica onde de facto essa monarquia exerce uma função
determinadíssima e de alta eficácia: a de simbolizar. De resto, a atestar esta
minha constatação, tenho visto muito povo a emprestar uma inusitada solenidade
ao rito da coroação, e não me digam que é povo ignorante, pelo que concluo não
se tratar de gente louca a aclamar a(o) soberana(o). Eles lá saberão porque o
fazem! Bom, mas quanto a este assunto de reis e rainhas, o que eu queria dizer
é que sempre desconfiei dos que têm um opinião à prova de todas as outras
opiniões. São assim donos de verdades irrefutáveis e blindadas, o que é algo
que me parece ser do foro patológico. Nem a discussão meramente académica a
este propósito consentem. Acho redutor, mas enfim, respeito. Quanto à
República, que afinal em muitos casos também é continuar no ontem embora
vivendo o hoje, deixo que outros a expliquem já que em resultado das experiências
de um tempo presente desconjuntado, vacilando de episódio inesperado em
episódio inesperado, me acho por enquanto incapaz de o perceber suficientemente
bem de modo a formular narrativa coerente. E mais não quero dizer. Já agora,
uma vez que em Espanha foi hoje proclamado um Rei, será de notar e lembrar que
o outro, o pai, caçador ocasional de paquidermes, coisa que não abonou muito em
seu favor e muito menos em favor do animal, decidiu optar por uma saída limpa!
Como seria excelente que o exemplo contagiasse o outro lado da Península
Ibérica. Não estou a falar da dívida pública, refiro-me a certos caracteres
pessoais que por cá tratam da coisa igualmente pública e que, pelos vistos, nem
com suja nem com limpa, não conseguem ver a saída! Mesmo que a eles a
indiquemos.
Mário
Rui
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