Contratos
Públicos – A base da má espécie assistencialista.
Acho
mesmo que apesar da miséria que pelo país grassa, não devemos ser uma Nação
miserabilista. Miséria é pobreza, lástima, miserabilismo é um velho fado português
que apenas serve de obstáculo à mudança. Ora, como não podemos esperar
eternamente por Godot ou por D.Sebastião, seres vagos esperados ao fim de cada
dia e que habitualmente servem de pretexto para resolver tristes existências
sem sentido, não posso criticar os que do Carnaval, período de festas profanas
compreendido entre o dia de Reis e a quarta-feira de cinzas, se decidem por
folguedo libertador de tensões e apreensões. Aprovo-os e gosto de os ver nessa
demanda de alegria, jocosidade e sobretudo no transmitir de cor e regozijo
popular, votos que afinal são licença para que todos possam contrair renovados
anseios quanto ao futuro que se avizinha. No mínimo, que seja para fazer dele
coisa menos castigadora. Aqui chegados, cumpre-me dar nota daquilo que me
desgosta e me leva a não encontrar selagem para bolso roto que não vislumbra
torniquete que vede o sumidouro dos dinheiros públicos. Segundo a “Base de
Contratos Públicos Online”, fico a saber que sob o manto felizmente transparente
do Entrudo, o Estado, todos nós, gastámos cerca de duzentos e cinquenta mil
euros em apoios festivos a oito cidades, só oito, do país. Eu imagino quantas
mais engrossarão o rol das bafejadas e não constantes da dita Base de
Contratos. Dirão alguns que tal soma representará dividendo suculento a colher
e que sem tais auxílios seria impossível levar por diante a festa. Muito bem.
Mas é despesa a mais, e pública ainda por cima, e se é verdade que traz lucros,
parece-me que os mesmos dificilmente servirão na ajuda à administração
comunitária. Ajudam muito à vida dos privados, e não tendo eu nada contra os
privados, bem pelo contrário, julgo ser já tempo, especialmente devido ao tempo
que nos devora, de meter ordem nos gastos que nos gastam. Afinal, se longo é o inverno dos que vivem sós, humildes
e com sacrifícios mil, seria de nobre tom apoiar prioritariamente toda uma
imensa vontade geral que pede melhores condições de vida e que decididamente
não aparece em nenhuma base de apoio estatal ou local. Mesmo tratando-se de uma
festa que aplaudo, não posso deixar de dizer que não é útil, mas pernicioso,
que o Estado ou mesmo o poder local declarem que o festim tem os mesmos
direitos políticos que a pobreza. E acresce que, se a “quem quer festa sua-lhe
a testa”, também fica bem, a quem de direito, ensinar a pescar em vez de sempre
dar o peixe. Aos foliões, verdadeira alma do Entrudo e aos que fazem dele um
momento de alegria popular, presto o meu agradecimento. Aos que repetidamente
exigem dinheiro ao país para tudo e para nada, porque sempre se queixam matreiramente
de ausência de recursos
próprios, aconselho moderação. Ao
Estado, peço reflexão, consideração, justo equilíbrio de
forças e tendências. Aos espertos, lembro só que é um mal pensarem que todo o
mundo é idiota. E Viva o Carnaval!
27.500,00
€ CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE EXECUÇÃO DE ESCULTURAS PARA O CORSO DO
CARNAVAL DE LOULÉ 2014
2.500,00 € Contratação de serviços para
integrar os desfilies de carnaval 2014Município da Figueira da Foz (501305580)
2.500,00 € Contratação de Serviços para
integrar os desfiles de Carnaval 2014Grupo Desportivo da Cova Gala (500787980) Município da Figueira da Foz (501305580)
Mário Rui
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