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terça-feira, 2 de agosto de 2022
A melhor legenda é a que se não escreve?
A
melhor legenda é a que se não escreve? Não, não é!
Mesmo
que algumas pessoas achem que a melhor legenda é a que se não escreve, eu
entendo que este fulano merece rótulo. É que em dias tórridos, há pessoas que
na ânsia de nos deslumbrarem mostram-nos o que podem. De todo o modo, sobretudo
na minha mocidade, havia, em dias desses, mais que fazer do que tocar gaita a
gatos. Por exemplo entrar numa escala de alguns exageros, era certo, mesmo que,
se bem acompanhados, disséssemos à nossa amiga próxima que, ao lado dela,
sentíamos um fogo que nos devorava e ela nos respondesse; Ah! Julguei que me
falavas de amor, mas isso de fogo não é comigo; é com os bombeiros.
Mário Rui
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A loja de antanho
De outrora - e não há senão uma ténue fronteira à qual facilmente se fecham os olhos, entre a recordação bondosa, meiga e gentil do que foi e do que é.
Gratos
beneficiários dessas lojas onde não só se percorriam recomendações mas também
paixões que vinham do desfrutar de coisas novas e diferentes, era desse modo
que se comercializava no tempo de antanho.
A
cada manhã a loja vestia roupas novas em folha e mesmo que isso fosse apenas
imaginação de menino de pouca idade, era sempre um gosto poisar os olhos nos
antigos armários de madeira, nas simétricas tulhas para cereais e legumes
secos, nas antigas bilhas de azeite, em metal.
Quando
o instante tocava a matar a sede às almas cansadas que lá pelo fim da tarde
ancoravam em porto seguro, então falava-se em almudes e cântaros eles mesmos
bem acantonados na adega não fosse secura forte atrever-se em demasia.
No
balcão de lousa, mais modesto mas nem por isso menos desafiador, o quartilho, o
meio quartilho e ainda uma panóplia de medidas mais pequenas, convenientemente
aferidas e seladas com um selo próprio de estanho, a curto prazo eram promessa
de compromisso bebedor, primeiro, e só depois falador entre pares.
O
funil, sei lá eu porquê, mas também a cantarinha, levavam o mesmo cunho oficial
cuidando-se talvez das sobras mal medidas que porventura fariam bem ao dono da
loja mas mal ao cliente.
Enfim,
na loja alternavam-se os períodos de alta e baixa e uma ou outra vez havia que
jogar na noção do lucro mais gordo e fácil pois gerir uma casa assim não era
coisa simples.
Importava
era que a marosca se fizesse de modo verdadeiramente purgado de conotações
perturbadoras e preocupantes para o cliente.
Era
mística própria e os prazeres do convívio tudo desculpavam.
Então
e os sólidos? Ah, esses entravam ao alqueire na loja, como o pão, ou às arrobas
como as batatas, ou ainda ao quarteirão feito vinte e cinco sardinhas.
Tudo
verdadeiros parentescos com a clientela e tempos de então, tudo engajamentos
mútuos, mesmo que muitas vezes não completamente românticos ou limpos.
Mas
fáceis de usar e compreender por ambas as partes. A época era outra, nem melhor
nem pior, simplesmente diferente mas, talvez, arrisco, mais autêntica, menos
pesada, mais lenta e por isso menos confusa.
Não
se pense que era vida simples de se levar para quem vendia e sequer para quem
comprava.
Não,
não era. Para todos virava vida difícil mas a par disso também havia
prodigalidade de experiência humana e uma sabedoria que se aprendia.
Era
assim a loja dos que nos foram chegados, um período do nosso tempo com relação
aos factos de certa natureza que nele aconteceram.
Mário Rui
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Sir Mick Jagger
26
de Julho de 1943 (79 anos)
Sir
Mick Jagger
O
maior faz hoje anos! Setenta e nove congratulações!
Presença
e voz couraçada na virilidade que faz toda a diferença, persiste no modo
louvado de fazer-se ouvir. Trabalho talvez absorvido até à idade dos loucos
amores e desamores, que importa, o certo é que permanece êxtase capaz de
continuar a arrombar os nossos melhores sentimentos musicais e os outros todos
que vêm por simpatia. Lindo, mesmo de regalo, grande Mick. Parabéns e obrigado
por me manteres íris inquietas e outras tantas sossegadas nas sentidas comoções
que me assaltam lá desde (I Can't Get No) Satisfaction, "She’s a
Rainbow", "Party Doll", "Lady Jane",
"Angie", "You Can't Always Get What You Want", "Miss
you" e tantas outras, tudo transparências mágicas que são minhas
inquilinas há já uma eternidade. Inabalável teimosia a tua, não te vás daqui
quando não a música fica mais sozinha e partida de soluços.
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"Putin, vai-te f****"
A
justa obrigação de Pedro Abrunhosa está em clamar contra uma praga pública, de
cuja existência todos sabem, todos se lastimam, todos se aterram, mas na qual
poucos ousam pôr a boca; porque, murmurando-a, se arrisca o temerário aos
despiques de um poder irresponsável, que, imoralmente, põe e dispõe da vida e
da morte de inocentes. Quis, fê-lo, e bem, como único recurso pronto e certo
contra os assassinos. A linguagem não lhe desliza de serena, senão para
estranhar aos seus adversários a injustiça de o tomarem por alvo de censuras.
Tal estado d’alma só se pode conceber em homens desta posição e cultura, como
efeito da repugnância a actos de guerra desta natureza sobre a qual caiu uma insensibilidade
tamanha, que já se faz gala, e não só se julga necessário articular escusas,
mas até se leva a censura a "crime" de ousadia. Não será bom que se
cerceie tão instrutivo depoimento e sua parte complementar, que o torna ainda
mais elucidativo. Quem o diz sobre o morticínio, o repete, o acentua, nessa
linguagem, só se honestiza como exemplo digno de um homem de alta moralidade.
Obrigado, Pedro Abrunhosa.
Mário Rui
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Do sofrível ao péssimo
Ok,
já percebi. E mais não digo por enquanto ... dado o braseiro, embora adiante,
se me é permitido, o seguinte;
Do
sofrível ao péssimo
Todos
sabem que cada um de nós tem na acção respiratória, uma das mais complexas do
corpo, e uma das em que se envolvem maior número de elementos orgânicos. E este
foi um depoimento "estupendo" do PR acerca desse terrível mecanismo
eleitoral, “graças” ao qual o País vai ardendo. A surpresa desse acordar entre
ruínas tais, desse cair de tão vertiginosa altura em tão incomensurável abismo
dantesco, lampeja com uma claridade sinistra sobre o regime, sobre todos nós.
Eis o que eu digo, o que eu disse, o que eu tenho dito, o que eu direi. Porque,
meus caros, a verdade tristíssima dessa nossa desmoralização já se tornou
histórica.
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Ir à praia
Com o
tempo quente que por aí anda, uma ida à praia implica sempre o uso de meias.
Nem que sejam meias meias…
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George Michael - Careless Whisper (Official Video)
À
noite nunca fiquei a dever nada. Assim como a compreensão do movimento
histórico da realidade é influenciada pela maneira como a concebemos, também a
noção de utopia está imbricada nesta mesma dinâmica. A realidade é uma doida
varrida, porque envolvem-se de espanto e muitas histórias os poucos que
realmente chegaram tão longe. É por isso que já não caio a toda a hora de
joelhos ante os novos “historiadores empíricos da noite”. Possuí sempre uma
acentuada tendência para me lançar ao longínquo, indo constantemente ao
encontro de tudo aquilo que, estando mesmo à minha frente, às vezes não quis
ver.
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A TAP está a banhos
Mário Rui
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Jim Morrison
Jim
Morrison
8
de Dezembro de 1943, Melbourne, Florida, EUA / 3 de Julho de 1971, Paris,
França.
Mário Rui
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Sobre os que precisam de menos cinquenta anos de idade, ou então de mais cinquenta de reflexão
Sobre
os que precisam de menos cinquenta anos de idade, ou então de mais cinquenta de
reflexão. Afinal quem lidera o governo?
E
nós a vermos passar os aviões!
De
facto, nem o Presidente da República, nem os comentadores, nem os jornalistas,
nem a oposição e muito menos o povo inteiro têm o direito de perguntar se o
primeiro-ministro sofre de alguma desordem espiritual. É obrigação de todos
deixar-se levar para onde ele os conduza, sem cogitar se ele por sua vez é
guiado pela ordem divina ou pelo caos demoníaco. Que presunção! Que despreparo!
Que falta de liderança! Mas também se não tivéssemos bons, ainda que poucos,
jornalistas para nos defender da tentação, até nós, simples eleitores e fiéis,
ousaríamos questionar a infalibilidade da bússola pensadora presidencial. Já
quanto ao ministro do ferro-velho, dizer que esse homem é caótico politicamente
é excesso de indulgência. O mero caos interior não leva ninguém a esse
paroxismo de auto-adoração blasfema. E não me contem mais histórias; o
acontecido foi a expressão franca da convicção bruta, simples e directa que um
indivíduo tem sobre si mesmo. Ele não precisa de perdão: inocente como o
próprio xerife, o ajudante de xerife entra no recinto sagrado de cabeça
erguida, pronto para receber o indulto. Como direi? De igual para igual. É que
dava-me jeito, reunindo tudo o que sei, ficar ainda a saber que preciso de
aprender tudo de novo, menos o método de passar por estúpido! Era só para
imaginar o futuro. Sim, porque política assim feita, não tem horas certas,
sendo da sua índole não saber nunca a quantas anda.
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Um
míssil russo atingiu um centro comercial em Kremenchuk, cidade situada no
centro da Ucrânia.
As
últimas informações dão conta de pelo menos 10 mortos e 40 feridos e estes
números tendem a crescer nas próximas horas, já que os bombeiros ainda lutam
contra as chamas.
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Os 808 anos da língua portuguesa
Os
808 anos da língua portuguesa
O
mais antigo documento oficial conhecido em língua portuguesa data de 27 de
Junho de 1214. Trata-se de um documento régio - o testamento do terceiro rei de
Portugal, Dom Afonso II - arquivado na Torre do Tombo.
Mário Rui
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