A
justa obrigação de Pedro Abrunhosa está em clamar contra uma praga pública, de
cuja existência todos sabem, todos se lastimam, todos se aterram, mas na qual
poucos ousam pôr a boca; porque, murmurando-a, se arrisca o temerário aos
despiques de um poder irresponsável, que, imoralmente, põe e dispõe da vida e
da morte de inocentes. Quis, fê-lo, e bem, como único recurso pronto e certo
contra os assassinos. A linguagem não lhe desliza de serena, senão para
estranhar aos seus adversários a injustiça de o tomarem por alvo de censuras.
Tal estado d’alma só se pode conceber em homens desta posição e cultura, como
efeito da repugnância a actos de guerra desta natureza sobre a qual caiu uma insensibilidade
tamanha, que já se faz gala, e não só se julga necessário articular escusas,
mas até se leva a censura a "crime" de ousadia. Não será bom que se
cerceie tão instrutivo depoimento e sua parte complementar, que o torna ainda
mais elucidativo. Quem o diz sobre o morticínio, o repete, o acentua, nessa
linguagem, só se honestiza como exemplo digno de um homem de alta moralidade.
Obrigado, Pedro Abrunhosa.
Mário Rui
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