Não
fosse dar-se o caso de grande parte destes “notáveis de esquerda e de direita”
terem sido justamente os fiéis depositários da enorme penhora feita a todos os
portugueses, fruto da sua própria ineficácia, incompetência e gula individual,
hoje estaria a dar nota positiva à pretensão de tal prole. Nem mesmo
acreditando que a força da revelação – impossibilidade de pagar tão gigantesca
dívida – cedeu o passo às palavras destas enganosas efervescências, me convenço
da bondade patriótica que agora parecem querer assumir. A especificidade de tal
espécie política tem muito que se lhe diga e como as “boas intenções” que
manifestaram no caminho percorrido até à miséria de hoje só mostraram más
acções, estou ciente de que, o actual clamor da remissão de culpa pelo calote
nacional, é disso que se trata, mais não é por banda desta gente senão um novo
individualismo que não cessa de multiplicar as aspirações do íntimo em vez de
as curar. Rua com esta gente! Os direitos dos mais fracos foram modelados pelos
vossos abusos, não me sendo possível compreender como é que agora se juntam aos
poucos que felizmente não foram ainda contaminados por tais desmandos. Estarão
também os bons equivocados quanto à parceria agora assumida? Lamento se assim
for, mas certamente estarão a tempo de não correrem esta maratona com tais
“companheiros”. Os corredores que nos prometeram um país próspero, o monopólio
do sonho da vida bela, pareciam os guardiães da entrada do Portugal florescente
mas, afinal, apenas nos deixaram covas onde enterrar a nossa autonomia. A
deles, essa sempre esteve a salvo e como já não há fronteiras que limitem o
acesso recorrente a tudo a que possam pôr a mão e ajeitar o bolso, pelo menos
que sejam os valores dos bons a marcar os limites da soberania do nosso país.
Endividaram-nos, trocaram vidas humanas reais por glórias próprias e ainda por
cima vêm agora reclamar a credibilidade pelo mal que nos fizeram. Impensável,
impensável assim ser. Acho bem que, se possível, resgatemos o respeito
traduzido na eventual reestruturação da dívida que temos. Mas jamais com gente
desta, que já falou em não pagar, em negociação, em renegociação, em reestruturação.
Eles sabem lá o que dizem, sabem é que não querem perder as actuais e as
futuras reformas douradas, posto que os valores que defendem são meras
cotações. Que lutem, que nos ajudem os sérios deixando de fora os mentirosos,
os mesmos de sempre!
Mário
Rui
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