Combatentes
da Guerra Colonial ou as homenagens em falta (LER
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Escapei
à marcha inexorável da Guerra Colonial. Mas vivi, muito de perto, a angústia de
quem partia e de quem ficava. Emocionei-me com a dor de pais e combatentes que,
resignados a uma “necessidade nacional” - em que poucos acreditavam - se
desligavam da família como se uma fina lâmina de aço os cortasse à raiz natal.
Tocou-me profundamente todo esse desespero da guerra, dos guerreiros e das suas
famílias que, esperançadas em melhores dias, por cá ficaram. Desarmadas,
despojadas dos seus mais queridos. Dos que foram, muitos acabaram por perder o
pé e a fé. E ainda hoje está por pagar uma dívida de gratidão a essas gerações
de homens, apenas dependentes uns dos outros, em redor dos quais tudo, ou quase
tudo, foi drama. Acho louvável a iniciativa de quem quer homenagear esses
valorosos – à força assim feitos, é certo, mas verticais protagonistas de
tempos tremendos e fatais. E, se desde então o país dorme, ou finge dormir,
sobre esse justo reconhecimento a prestar, o pouco que se faça para aliviar a
dor íntima dos que ainda a sentem, já será muito. Os últimos acenos que tantas
vezes dei a amigos na hora da partida, soldados de verdade que iam para a
guerra a sério, foram a derradeira homenagem inteira de voz e de gesto com que
os honrei. Foi pouco, eu sei, mas talvez estejamos ainda a tempo de fazer mais
por todos eles. Afinal, quem, em prol da boa reputação desses heróis, não se
sacrificou já uma vez?
Mário
Rui
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