A singela homenagem aos que não temeram
Cumpriu-se o desígnio. E, neste caso, o desígnio
era honrar as marcas que vieram do fundo das grutas onde estes ex-militares as
guardavam. Eram cá da terra, são cá da terra, mas também do resto do país.
E mesmo que ainda hoje alguns deles oiçam os
canhões a troar e as bombas a explodir, outros mais não o farão por tantas
mazelas no corpo e na alma que os levaram ao sítio de onde jamais se regressa.
Aí se consumiram os restos dos que em vida foram
dos maiores e dos mais ilustres. E no entanto como ainda agora nos eram
necessários.
Isso, faz doer. Foram à guerra, sáfara, arrebicada,
contorcida, produto final e fatal de uma mão cheia de génios de fancaria a que
outra mão muito mais cheia de nobres portugueses se viu obrigada.
Para os que viveram nessa altura o contraste das
suas vidas foi tão impressionante que muitos se recusavam a ver qualquer
futuro.
E, não sendo hoje possível esquecer esse triste
processo, as existências ceifadas, as mutiladas e aquelas que ainda vivem com
os tiros de peça, fico verdadeiramente sensibilizado por ver que em Portugal, e
em particular na minha terra, se vão concedendo alguns direitos de antiguidade
valorosa aos que, dominados pelo terror de então, são hoje dignos do nosso
inteiro e eterno respeito.
E choveu no momento do preito, chuva com cheiro a
memória no remoto cinza da batalha travada, hoje coroada pelo silêncio de
postura feita em sentido. Por eles, por nós, por todos, pela Paz. Pelos nossos
sonhos d’oiro!
Mário Rui
___________________________ _____________________________