O
‘nosso’ mar, é assim. Umas vezes dá à praia coisas admiráveis, fantasias toscas
e impolidas, mas de traço forte. Se foi ele a moldá-la, ou se alguém a lançou
borda fora, desconheço. Sei que ofereceu à costa a peça, como querendo dizer
que a arte que sai da onda leva consigo uma espécie de formosura. E lá ficou a
formosura quietinha no areal por não sei quanto tempo. Um dia, um belo dia, foi
a mão amicíssima de um familiar a trazê-la para casa. Por cá ficou, por cá se
mantém, o que prova que assim que o ‘nosso’ mar veio ao mundo, só em se
mostrar, disse o que havia de ser. Bate certo, a cantiga; “O mar enrola na
areia, Ninguém sabe o que ele diz, Bate na areia e desmaia, Porque se sente
feliz”. E o resto do ’nosso’ mar, é coisa que contém riqueza imensa para quem
se souber servir dela.
Mário Rui
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